NOTICIÁRIO Sábado, 12 de Julho de 2025, 17:53 - A | A

Sábado, 12 de Julho de 2025, 17h:53 - A | A

EUA X BRASIL

"Tarifaço" de Trump ameaça “ouro vermelho" brasileiro; Mato Grosso no centro da preocupação

Da Redação

O setor do agronegócio brasileiro, pilar da economia nacional, encontra-se em estado de alerta após o recente anúncio do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a possível imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, caso ele retorne à Casa Branca. A medida, que já reverberou no mercado e gerou grande preocupação, promete um impacto severo, especialmente sobre a competitiva carne bovina do Brasil. A análise da colunista do UOL, Mariana Barbosa, publicada neste sábado, lança luz sobre os potenciais efeitos devastadores dessa política protecionista, com repercussões diretas para o maior produtor pecuário do país: Mato Grosso.

De acordo com a apuração de Mariana Barbosa, o "tarifaço" de Trump apresenta uma ameaça dupla para gigantes do setor como JBS e Marfrig. Essas companhias, que investiram bilhões de dólares e possuem operações substanciais nos Estados Unidos — com a JBS tendo o país como seu maior mercado fora do Brasil, após aquisições estratégicas desde 2007 —, dependem da importação de produtos brasileiros para abastecer parte de suas cadeias de suprimentos. Com a tarifa de 50%, os custos de importação se elevariam drasticamente, comprometendo a competitividade e a rentabilidade dessas operações. A situação é agravada pela retração do rebanho bovino americano, o que torna o mercado dos EUA cada vez mais dependente de importações para atender à sua demanda interna.

O coração da pecuária em risco: Mato Grosso

A materialização dessas tarifas protecionistas acende um sinal vermelho para Mato Grosso, o indiscutível "Rei do Gado" brasileiro. Com um rebanho bovino que alcançou aproximadamente 34 milhões de cabeças em 2023, o estado é um gigante na produção e exportação de carne. Frigoríficos de grande porte, incluindo unidades da JBS e Marfrig, estão estrategicamente localizados na região, consolidando a importância do estado para o agronegócio nacional.

Oswaldo Pereira Ribeiro Junior, presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), aponta que uma tarifa de 50% elevaria o preço da tonelada de carne brasileira para cerca de US$ 8.600, um valor que tornaria o produto inviável para o consumidor americano. Entre janeiro e maio do corrente ano, Mato Grosso exportou 26,5 mil toneladas de carne bovina para os EUA, gerando uma receita de US$ 102 milhões — um volume que representa 7,2% de seu comércio exterior. A expectativa era de um aumento robusto de 70% nas exportações para os EUA em 2025, totalizando 408 mil toneladas, um salto expressivo em relação aos US$ 1,3 bilhão vendidos no ano passado, que já havia triplicado o valor de 2020.

A incerteza sobre a aplicação da nova tarifa é outro ponto de preocupação. Atualmente, a carne brasileira já está sujeita a uma tarifa de 26,5% para volumes acima de 65 mil toneladas. Especialistas, como Lygia Pimentel da Agrifatto, alertam que a taxação combinada poderia atingir até 76%, asfixiando por completo a competitividade do produto brasileiro no mercado americano.

Reações do setor e o cenário global

A ameaça tarifária de Trump não tardou a provocar reações. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) manifestou grande preocupação, reforçando que a medida de Trump inviabilizaria o custo da carne brasileira para o mercado americano. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também criticou a decisão, afirmando a ausência de justificativa econômica para tal medida e conclamando por uma intensificação das negociações diplomáticas para reverter o cenário.

Apesar do impacto imediato, que já se traduziu em retração nas compras por parte das indústrias exportadoras em São Paulo e queda nos contratos futuros, alguns analistas ponderam que a medida de Trump pode ter motivações mais políticas do que puramente econômicas. Há quem sustente a possibilidade de o ex-presidente americano recuar, como já ocorreu em outras ocasiões, a fim de evitar uma inflação de custos nos próprios EUA, que também dependem da carne brasileira.

Contudo, a incerteza persiste. A apuração de Mariana Barbosa e a subsequente análise de especialistas evidenciam a fragilidade do comércio internacional diante de mudanças políticas e ideológicas das grandes potências. Um "efeito cascata" global, com outros blocos econômicos como a União Europeia e a China retaliando com suas próprias barreiras comerciais, representaria um entrave considerável para o fluxo de comércio internacional, impactando diretamente os principais mercados da carne brasileira e, consequentemente, toda a cadeia produtiva, do pecuarista ao consumidor final. O setor aguarda os desdobramentos das negociações e a clareza sobre a efetiva aplicação das novas tarifas.



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