OPINIÃO Sexta-feira, 27 de Novembro de 2020, 14:40 - A | A

Sexta-feira, 27 de Novembro de 2020, 14h:40 - A | A

JOÃO EDISOM

Cassino Brasil

João Edisom de Souza

Graduado em Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso (1990), especialização em Psicologia Educacional pela Universidade Federal de Mato Grosso (1993) e mestrado em Educação pela Universidade de Cuiabá (2004). Atualmente é professor da Uniasselvi no seguinte tema: direito, filosofia e psicologia jurídica.

Olhando desde o longe para as escolhas feitas em geral nos dias de eleições, parece que somos um povo flexível e sempre estamos tentando algo diferente para ver se dá certo, né? Mas, na verdade, tudo isso é reflexo da preguiça intelectual e orgânica para com o próprio futuro, pois a cada eleição damos um chute para um dos lados para ver se dá certo. Voto por estas terras é sinônimo de loterias, de jogo de azar, onde cada um tem um palpite baseado sempre na sorte do dia ou nas superstições e manias.

Para quem não sabe aonde quer chegar, qualquer caminho lhe parece bom! Isto é: sem objetivo a médio e longo prazo, ninguém faz planejamento. As eleições, quanto mais democráticas e populares, mais tem evidenciado este caráter de loteria ou jogatina.

Pode até não parecer, mas um dos maiores esforços intelectuais está no exercício de planejar. A execução quase sempre é método (já conhecido) e ação (execução ou laboral). Ambos advindos dos conhecimentos pré-existentes. Precisa esforço, estudo, para entender.

Dito isso, o eleitorado passa a campanha toda procurando defeitos nos candidatos ao invés de propostas reais e concretas. E depois “vai” às urnas como quem vai à casa lotérica, pega o cartão (título de eleitor), chuta os números e espera quatro anos para ver se foi sorteado com a sorte grande!

O ano de 2020 fechará com eleições em 5.570 municípios. Vereadores a granel, prefeitos aos borbotões e de antemão já sabemos que a grande maioria vai frustrar a população. Onde está o erro? Em quem se candidatou ou em quem votou? A resposta é simples: o erro está em quem não se preparou para ser cidadão. Em quem não sabe o que quer para o seu próprio futuro.

Mas também é importante sinalizar que esta deficiência em não planejar nada não se apresenta apenas na política. São pessoas que não planejam nem suas próprias vidas. Não planejam seu futuro e por isto não investem nas suas próprias vidas. Se não se importam consigo mesmas, porque iriam se importar com o futuro de seu país?

Somos um dos pouquíssimos países do mundo que temos salário prêmio, ou décimo terceiro e férias separados do salário corriqueiro. Ao receber este “extra”, quantas pessoas investem nelas mesmas? Quantas investem em curso de aperfeiçoamento? Em novas capacitações? Quantos investem em seu conhecimento para ampliar a área de trabalho ou vislumbrar promoções na carreira? Deve ter sim, mas bem menos dos que gastam tudo em bebedeiras e festas, ou mesmo em troca de objetos domésticos pelo prazer de ter um mais novo do mesmo que já tinha.

Se no dia eleição caminharmos rumo às urnas como quem caminha para a lotérica, é porque tratamos nosso futuro como um grande cassino; o cassino Brasil. A grande verdade é que todos nós fazemos escolhas, mas, no fim, nossas escolhas nos fazem.



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