OPINIÃO Sexta-feira, 09 de Abril de 2021, 14:40 - A | A

Sexta-feira, 09 de Abril de 2021, 14h:40 - A | A

JOÃO EDISOM

Eleitor enganado é eleitor feliz

João Edisom de Souza

Graduado em Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso (1990), especialização em Psicologia Educacional pela Universidade Federal de Mato Grosso (1993) e mestrado em Educação pela Universidade de Cuiabá (2004). Atualmente é professor da Uniasselvi no seguinte tema: direito, filosofia e psicologia jurídica.

Há algo muito interessante em nosso país: o eleitor é bem mais feliz que o cidadão. Eleger alguém é uma festa. Conviver com o eleito no exercício de seu mandato é uma tortura. Embora o eleitor e o cidadão habitem no mesmo corpo, os dois não se entendem, ou as regras não os deixam se entender.

Não basta o eleitor ter que conviver com as mentiras da campanha ainda é obrigado a suportar a mossoroca que são as sempre novas regras a cada pleito eleitoral. Acredite, nossa legislação eleitoral tem umas mexidas antes de cada eleição sempre.

Isso demonstra que no Brasil temos uma vocação secular, de uma vez estando no poder, usar a prerrogativa do cargo que me foi concedido para bulir nas leis e ajustá-las segundo meus lucros futuros.

Tirar proveito, ser esperto, levar vantagem chega a ser “normal”, uma vez que já faz muito tempo que não temos duas eleições seguidas com as mesmas regras.

Logo confundindo o eleitor, posso culpar o cidadão falando que este não sabe o valor do voto. É justamente esse o entendimento dos poderosos que detém o poder e querem permanecer nele, ou subir alguns degraus na importância do seu posto ou mandato.

O já atabalhoado cidadão que mal sabe votar, quando vê o resultado de suas escolhas, se culpa, em um constante auto sabotar moral, e assim livra o real culpado (quem mexeu na lei) de qualquer julgamento, logo todos falam “a culpa é do eleitor”.

Os mágicos promotores das mexidas nas regras eleitorais esta semana colocaram mais uma vez seus planos em jogo. Deputados Federais querem usar uma PEC de 2011, já aprovada na CCJ em 2015, para avançar tramitação em mais uma grande mexida.

O distinto e esperto grupo tenta incluir a adoção do 'distritão', o que pode diminuir representatividade dos partidos, e com isso projeta também o fim da cláusula de barreira. Assim vão tirando pedras do caminho.

Mas você, eleitor, deve estar se perguntando o que isso altera para você. Até porque já induziram o eleitor a pensar que nosso sistema de votação é falho, que a urna é manipulada mesmo. Então o que importa a regra, né?

Bem, vamos raciocinar da seguinte maneira: se eles acreditassem mesmo que as urnas eletrônicas fossem falhas, porque teriam que mudar as regras na legislação para continuar vencendo eleições e impedindo o surgimento de novas lideranças?

Simples: o problema para continuidade das mesmas pessoas no poder não reside na urna, mas sim nas escolhas do eleitor! A urna para os já donos do poder é confiável, em quem eles não confiam, na verdade, são nos eleitores. Então confundi-los a cada nova eleição é preciso.

Vivemos em um grande e barulhento país demagógico e burocrático. Como afirmou Winston Churchill, “a diferença entre um estadista e um demagogo é que este decide pensando nas próximas eleições, enquanto o estadista decide pensando nas próximas gerações”. Aqui na terra dos demagogos só pensamos no nosso próprio poder.

Mas você pode perguntar: para dominar todo o complexo das legislações eleitorais precisaríamos de quantas eleições seguidas? Ora, todas as eleições. O mais importante é o voto! A regra deve permanecer a mesma enquanto o sistema for o mesmo. Mais vai que o povo aprende, né? Afinal, muitos afirmam que eleitor enganado que é eleitor feliz.



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