É mais perigoso para alguns carros aguardando o pare e siga no Portão do Inferno, do que um incidente grave acontecer no local. Essa é apenas uma das conclusão que se pode tirar do relatório resultante do convênio firmado entre a Prefeitura Municipal de Chapada dos Guimarães e a Universidade Federal de Mato Grosso, com o objetivo de realizar a análise sobre os processos de queda de bloco, entre o km 42 e o km 48, considerando a avaliação de riscos, a capacidade de fluxo e a capacidade de carga sob o viaduto.
“Em relação ao tempo de exposição ao risco, o cenário atual de siga e pare, amplia o risco de desastre por alguns fatores, o primeiro deles, e que alguns carros ficam aguardando a liberação para seguir viagens exatamente em um ponto onde pode ocorrer quedas de blocos, ou seja, o tempo em que esse veículo ficará situado em uma área de risco será superior ao tempo que ficaria caso seguisse viagem”, aponta o relatório que teve como responsáveis técnicos o geólogo Prof. Dr. Caiubi Emanuel Souza Kuhn, e o eng. civil e de Segurança do Trabalho Me. Renan Rodrigues Pires.
Na gestão de risco alguns fatores são considerados, um deles é o risco em si, e outro é o tempo de exposição ao risco, ensina o relatório que teve como equipe técnica o geógrafo Prof. Dr. Cleberson Ribeiro De Jesuz e a Geóloga Profª. Dra. Flavia Regina Pereira Santos. “No percurso entre a Salgadeira e a Curva da Mata Fria existem pontos com risco de quedas de blocos, ações podem ser realizadas buscando mudanças de percurso ou medidas estruturais para buscar uma solução definitiva que consiga reduzir ao máximo o risco de quedas de blocos na rodovia”, detalha a conclusão final do relatório.
Os técnicos pontuam que tais “ações estruturais em geral demandam tempo e uma quantidade de recursos mais elevada. Conforme os estudos realizados por Azambuja Engenharia e Geotécnia (2023), poderiam variar entre R$ 228 milhões, no caso de realizar as 55 estabilizações de todos os pontos críticos, sem que seja realizada a duplicação da estrada, R$ 278 milhões em caso de duplicação mantendo o traçado atual, R$ 450 milhões em caso de duplicação com túnel curto e R$ 1,9 bilhão em caso de construção de um túnel longo”.
Outras opções de estabilização e estudos poderiam ser realizadas visando ações de mais baixo custo, segundo os técnicos, e que já possam garantir mais segurança para a população: “Em relação ao tempo de exposição ao risco, o cenário atual de siga e pare, amplia o risco de desastre por alguns fatores, o primeiro deles, é que alguns carros ficam aguardando a liberação para seguir viagens exatamente em um ponto onde pode ocorrer quedas de blocos, ou seja, o tempo em que esse veículo ficará situado em uma área de risco será superior ao tempo que ficaria caso seguisse viagem. Ao seguir viagem em comboio, com carros muito próximos um ao outro, a capacidade de resposta do motorista para parar ou acelerar o veículo fica limitada em caso de quedas de blocos, sendo assim, mais fácil um veículo ser atingido por um bloco.”
Desta forma, o relatório técnico pontua que após concluídas as medidas emergenciais, a liberação do trânsito em ambos os sentidos seria a alternativa que manteria os veículos menos tempo em áreas de risco. “Em relação ao uso de opções alternativas para o fluxo de veículos em Cuiabá e Chapada dos Guimarães, como a Serra de São Vicente, é necessário salientar que neste trecho também existem locais com risco de queda de blocos”, pondera o relatório, assinalando, além disso, que “o fluxo de veículos pesados pode representar um perigo ainda maior, considerando que o número de mortes por acidentes de trânsito em rodovias que possuem intenso tráfego de carretas é elevado”.
Desta forma, mesmo com risco de quedas de blocos em alguns pontos da rodovia, o percurso da MT-251 continua a ser a melhor opção para o trânsito entre Cuiabá e Chapada dos Guimarães, assegura o documento que indica que algumas medidas podem ser realizadas para ampliar a segurança. Uma delas é ampliar as placas indicativas dos locais com risco de quedas de blocos. Outra é reduzir a velocidade dos veículos na via para assegurar uma velocidade adequada para tomada de decisão em caso de quedas de blocos.