BLOG DO MAURO Terça-feira, 08 de Setembro de 2020, 08:47 - A | A

Terça-feira, 08 de Setembro de 2020, 08h:47 - A | A

DEMOCRACIA

Barroso: instituições estão funcionando e não impressiona retórica de Bolsonaro

Estadão Conteúdo/Mauro Camargo

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, afirmou não se impressionar com a retórica do presidente Jair Bolsonaro, que nesta segunda-feira (7), em pronunciamento transmitido no feriado da Independência, defendeu o golpe militar de 1964. "Não me impressiono com a retórica, seja a do primeiro-ministro da Hungria Orbán, seja a do presidente americano Trump, seja a do presidente do Brasil", disse Barroso em entrevista à rádio CBN.

Segundo o ministro, há um fenômeno mundial de recessão democrática causado pelo encontro do populismo, o conservadorismo radical fundado na intolerância e o autoritarismo.

Barroso disse se preocupar mais com o funcionamento das instituições brasileiras e avaliou que estas estão funcionando. "Olhando para a realidade fática não há nada disruptivo da democracia acontecendo", afirmou.

Segundo o ministro, é preciso fazer uma distinção entre retórica do presidente e fatos da vida real. "Quanto a gostar menos ou mais do discurso presidencial, a maneira como funciona nas democracias é: na próxima eleição, quem não gostar vota em outro candidato", disse Barroso.

Comentário da Notícia

Quem quiser entender o que acontece no mundo hoje em relação ao processo político precisa prestar a atenção a essa definição esculpida pelo ministro Barroso: “é um fenômeno mundial de recessão democrática causado pelo encontro do populismo, o conservadorismo radical fundado na intolerância e o autoritarismo.”

A comparação entre Orbán, Trump e Bolsonaro é apropriada como atesta Agnes Heller, filósofa e autora, entre outras obras, de A Revolução da Vida Cotidiana em ensaio publicado pela New School for Social Research, de Nova York. Basta ver o que ela escreve sobre Viktor Orbán, o ultradireitista primeiro ministro da Hungria:

“Orbán se dirige à etnia húngara e, dentro dela, exclusivamente a seus seguidores. Não considera os membros da oposição como húngaros. Em sua opinião, os liberais, os socialistas e os demais membros da oposição traem o país, por exemplo, ao votarem contra a Hungria (ou seja, o Fidesz) no Parlamento Europeu. A essência da ideologia dominante poderia ser resumida da seguinte forma: os húngaros são os melhores, os mais inteligentes, os mais trabalhadores, os mais democratas, e sempre são mal interpretados pelos abomináveis liberais e comunistas. Mas não há razão para se preocupar. O Fidesz, isto é, Orbán, te protege, sempre terá em mente os interesses do povo, defenderá o glorioso passado, a cultura tradicional. Se você apoia Orbán, você apoia a Hungria.”

Não é exatamente a retórica de Trump e Bolsonaro?

O ministro Barroso tem razão ao afirmar que esse discurso saudosista da ditadura militar ainda não encontrou ressonância na realidade fática, pois as instituições democráticas estão funcionando plenamente no Brasil.

A preocupação é que a doutrinação populista e conservadora do bolsonarismo possa contaminar de forma irremediável a cultura política nacional, ampliando o negacionismo, o fanatismo, a intolerância, o autoritarismo e todos os males típicos da extrema direita.

De todo modo, vivemos numa democracia e tudo o que precisamos é resolver esse impasse nas urnas de 2022.



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