A propósito dos estimados mais de 60 mil mortos na Faixa de Gaza desde o início dos ataques de Israel, que tem como vítimas principais crianças, mulheres e idosos do povo palestino, muitos deles sucumbem diante da fome e das doenças.
A referência a "Israel" em Gênesis e em outras partes do Antigo Testamento não se refere ao atual Estado de Israel ou a qualquer governo contemporâneo, como o liderado por Benjamin Netanyahu.
Na Bíblia, o nome "Israel" originalmente se refere ao patriarca Jacó, que recebeu esse nome após uma luta com um ser divino (Gênesis 32:28). A partir daí, ele se tornou o ancestral dos israelitas, que são as doze tribos de Israel, descendentes de seus filhos. Portanto, o termo "Israel" em Gênesis diz respeito ao povo e à terra prometida a eles por Deus.
O Estado moderno de Israel, proclamado em 1948, é uma entidade política que se estabelece em uma continuação histórica, cultural e religiosa que remonta ao povo israelita da Bíblia, mas não é uma extensão direta da narrativa bíblica. A relação entre o antigo Israel e o moderno envolve questões complexas de história, religião e política que são discutidas e interpretadas de várias maneiras.
A conexão entre os antigos israelitas e os judeus contemporâneos é reconhecida em tradições religiosas e culturais. Muitos judeus veem a existência do Estado de Israel moderno como parte de um legado histórico e espiritual que se remonta aos tempos bíblicos. Para eles, a terra teve significados profundos, tanto espirituais quanto políticos, ao longo dos milênios.
Entretanto, é importante notar que a relação entre a narrativa bíblica e a realidade política moderna é complexa. A Canaã bíblica tem sido habitada por diversos grupos étnicos e povos ancestrais ao longo da história, e a fundação de Israel como um Estado moderno também envolve questões históricas, sociais e políticas significativas, incluindo o conflito israelo-palestino, que traz à tona diferentes reivindicações e visões sobre a terra.
A questão do apoio a Israel, especialmente em conflitos contemporâneos, é complexa e gera debates significativos entre teólogos, historiadores e críticos. Afirmar categoricamente que o apoio a Israel nas suas ações militares, incluindo as contra o Irã e palestinos, é uma obrigação baseada na Bíblia é uma interpretação temerária, que desconsidera o contexto teológico, o entendimento das promessas bíblicas e da aplicação dessas promessas nos dias atuais.
Muitas denominações evangélicas e neopentecostais interpretam a promessa de Deus a Israel na Bíblia como um motivo para apoiar o Estado de Israel hoje. Essa visão, por vezes chamada de "sionismo cristão", considera que a fundação de Israel em 1948 e sua existência atual são o cumprimento de profecias bíblicas.
Por outro lado, existem muitas outras interpretações cristãs que não veem esse apoio como necessário ou inequívoco. Algumas pessoas e grupos cristãos enfatizam a necessidade de paz, reconciliação e justiça, defendendo os direitos do povo palestino e criticando ações violentas de ambos os lados.
A situação atual entre Israel, o Irã e os palestinos é profundamente influenciada por fatores históricos, políticos e sociais que vão além das promessas bíblicas. As razões para conflitos são múltiplas, envolvendo questões de território, direitos humanos e segurança nacional.
A responsabilidade cristã de apoiar a paz e a justiça é um tema central em muitas tradições e, portanto, deve ser considerada junto com qualquer argumentação baseada em promessas bíblicas.
Portanto, enquanto algumas comunidades religiosas afirmam que o apoio a Israel está respaldado pela Bíblia, essa afirmação é problemática e sujeita a debate. A interpretação do texto bíblico e sua aplicação às realidades políticas contemporâneas variam amplamente, e é necessário um diálogo cuidadoso sobre as implicações éticas, históricas e sociais dessa questão.
O apoio a Israel nas guerras atuais, especialmente contra palestinos e o Irã, e como isso se conecta com a Bíblia, é um assunto tem gerado opiniões das mais diversas, principalmente entre pastores evangélicos e neopentecostais, que afirmam que devemos apoiar Israel porque, segundo eles, está tudo escrito nas promessas de Deus.
Por outro lado, é importante lembrar que existem muitas outras visões dentro do cristianismo. Não são poucas as vozes se levantam pedindo paz e justiça, muitas vezes defendendo os direitos dos palestinos. Eles argumentam que o amor ao próximo e a busca pela paz também são mandamentos de Deus, e que é preciso ter empatia por todas as pessoas que estão sofrendo nesse conflito.
O fato é que o contexto atual é marcado por muita dor e mortes violentas de civis, mulheres, idosos e crianças, muitas delas vítimas da fome, uma crueldade dessa guerra que já ultrapassou todos os limites éticos e morais, tal qual se viu no Holocausto.
A guerra não é a solução, e o apoio incondicional a um lado pode ignorar o sofrimento do outro. Portanto, enquanto alguns pregam a necessidade de apoiar absolutamente Israel, muitos cristãos estão clamando por uma abordagem que promova o diálogo, a reconciliação e a paz entre todos os povos da região.
O apoio a Israel é muito mais do que uma simples interpretação bíblica. É um convite para que todos nós, independentemente da nossa fé, busquemos compreender, ouvir e trabalhar pela paz. Afinal, a verdadeira mensagem de muitas tradições religiosas é o amor ao próximo.