Quando falo de fé, falo tanto da prece e do benzimento da senhora cabocla quanto dos ritos e altares incensados das igrejas.
Das simpatias e crendices transmitidas por gerações e também dos livros santos.
Do mais humilde fiel e do mártir.
Falo daquilo que nos envolve, que é essencial como o ar. Que também como o ar, às vezes nos falta.
Falo do que vem do alto e ecoa no peito.
Do que é sagrado, ainda que profano.
De tudo aquilo de que nos servimos para proteção, inspiração. Tudo que nos blinda, fortalece nossa alma nos embates da vida.
Do entusiasmo misterioso que nos invade e faz seguir em frente, palavra bonita dos gregos, que vem de EN THEOS, “Deus dentro”.
Aprendi, por isso, que só os entusiasmados são capazes de vencer desafios, criar ou modificar a realidade, revirar e transformar o mundo.
Porque conservam acesa dentro de si a centelha divina. São templos vivos.
Porque além de aceitar, acreditar, sabem e são um pouco Deus.