O Governo de Mato Grosso estuda a implementação do Bonde Urbano Digital (BUD) como uma das alternativas tecnológicas para operar o sistema Bus Rapid Transit (BRT) em Cuiabá. A informação foi confirmada pelo secretário de Fazenda, Rogério Gallo, em entrevista à CBN Cuiabá.
A gestão estadual busca, portanto, soluções tecnológicas para operar dentro do modelo BRT, que já prevê pistas segregadas e corredores exclusivos. Neste contexto, o Bonde Urbano Digital surgiu como uma inovação a ser analisada. "Não há mudança de modal, porque nós não vamos ter trilhos. O que estamos estudando é uma avaliação técnica e tecnológica do veículo", ressaltou Gallo.
A nova tecnologia, já utilizada em cidades como Xangai, na China, e em fase de testes em Curitiba (PR), combina as melhores características dos sistemas sobre trilhos e sobre pneus. "Essa tecnologia une o melhor do veículo sobre trilhos e a flexibilidade do ônibus", disse.
O BUD é um veículo elétrico que pode operar de forma autônoma, guiado por sensores magnéticos instalados sob o asfalto, o que dispensa a necessidade de trilhos físicos. Essa característica permite que ele circule tanto nos corredores exclusivos do BRT quanto em vias comuns, acessando bairros e outras regiões fora do eixo principal.
Gallo enfatizou que a análise da nova tecnologia levará em conta não apenas o conforto para o usuário, mas também o impacto financeiro a longo prazo. "Vamos avaliar custo, estudar, aprofundar e oferecer aquilo que tem de melhor para o cidadão, mas que também seja o menos oneroso para o cidadão do futuro", declarou.
Segundo ele, a responsabilidade fiscal é um fator determinante, pois projetos economicamente inviáveis, que dependem de subsídios, podem resultar em aumento de impostos para as futuras gerações. "É esse respeito que a gente está tendo pelo dinheiro público", completou.
A infraestrutura do BRT que está sendo construída em Cuiabá é compatível com a tecnologia do bonde digital. O secretário explicou que os sensores de guia são "ímãs que você coloca a cada um metro", instalados sob o pavimento, sem a necessidade de grandes obras de adaptação.
Ele ainda mencionou que, em Curitiba, estuda-se a possibilidade de instalar os ímãs apenas nas aproximações das estações de embarque. O objetivo seria garantir a "melhor precisão para que ele encoste o ônibus na plataforma, sem ficar nenhum vão", melhorando a acessibilidade e a segurança dos passageiros.
O secretário deixou claro que a viagem a Curitiba, realizada em conjunto com o vice-governador Otaviano Pivetta, serviu para conhecer as alternativas e que nenhuma decisão foi tomada. "O governador Mauro Mendes está estudando alternativas e não há nada ainda certo em relação a isso", concluiu.
Entenda o BUD
O Bonde Urbano Digital (BUD) é um tipo de transporte público 100% elétrico que combina características de um VLT e de um BRT. Ele se move sobre pneus e é guiado por uma trilha virtual de sensores magnéticos instalados sob o asfalto, o que elimina a necessidade de trilhos físicos.
Suas principais características incluem a capacidade de operação autônoma, embora testes iniciais prevejam a presença de motoristas. Com velocidade de até 70 km/h e capacidade para 280 passageiros, o veículo é projetado para oferecer mais eficiência e conforto, incluindo ar-condicionado.
A infraestrutura de sensores é considerada de simples instalação e pode operar mesmo em pistas com algum nível de desgaste.
O Paraná foi o primeiro estado brasileiro a testar a tecnologia chinesa na América Latina, com testes ocorrendo na Região Metropolitana de Curitiba.
Abandono do VLT
Segundo Gallo, a decisão de abandonar o modal de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) foi técnica, baseada na inadequação do sistema para a realidade de Cuiabá. "O VLT era inviável para Cuiabá pela sua inflexibilidade em relação aos trilhos, por não permitir o acesso a regiões mais longínquas, e pelo custo de expansão e manutenção", afirmou o secretário.
Ele explicou que, com suporte da Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana, foi constatado que para cidades com o perfil de Cuiabá, caracterizadas por um adensamento populacional disperso, os modelos mais adequados são os flexíveis. Tais sistemas permitem, por exemplo, que o mesmo veículo saia de um corredor principal e entre nos bairros, "sem fazer a pessoa sofrer uma integração".