Mais um dia 20 de novembro, e neste ano atípico - aliás nem tão atípico para população negra, que pelas reportagens e dados estáticos escancara o que sofrem cotidianamente no contexto pandemia. Morreram muito mais de Covid-19 os negros. E o 20? O 20 de novembro o que temos a comemorar? Nada!! E Tudo!! Nada porque foram inúmeras perdas, mais de 160 mil pessoas mortas. E tudo porque contamos com esse sonho de quando Zumbi voltar. E o ano de 2020? Temos muito que refletir. Ficaram expostas nossas fragilidades de toda natureza, aliás a natureza exposta ficou. Vimos que enquanto humanos falta muito de humanidade. Reitero, o humano da humanidade se perdeu, e mais uma vez quem mais sofre é a população negra.
As mulheres negras, os homens negros, idosos negros, crianças negras. Afinal a "carne mais barata do mercado ainda é a carne negra". E sangra nesses nossos dias de Brasis muita carne negra. O governo que desgoverna, a vacina que não pode chegar, e a pobreza e fome que se agigantam pelo país como nunca. Ah! Quando Zumbi voltar, eu quero ver!
Em Mato Grosso, não diferente do resto do país são os negros que pagaram com suas vidas pela fragilidade das políticas públicas de saúde, quase ausência.
Então, nesse 20 de novembro de 2020 aqueles encontros quase folclóricos de palestras, apresentações serão reinventados por meio das lives, webnários e reuniões em plataformas. Assim preservamos de alguma forma nossas reflexões que em redes viram potências e tem maior alcance e de quebra salvamos a vida dos nossos, estamos em pandemia.
Um silêncio ensurdecedor se faz em relação aos meus irmãos quilombolas, os vitimados desse ano tão atípico. O fogo no Pantanal destruiu comunidades. O fogo apagou, mas muita gente morreu. Muita gente precisa de ajuda.
Nossa comemoração se dá pela rede solidária da resistência que vira potente combate as ausências das políticas públicas, parceiros de Ongs que nos auxiliam na distribuição do kit alimentação e kit de higiene para a população negra. Essa rede que nos faz agradecer a nossa ancestralidade. Então, ainda que o ano não seja nem um pouco favorável, refletimos sobre a não folclorização da data, mas de sua importância.
E eu, Manoel da Silva, quero ver quando Zumbi voltar.