Dificuldade de memorizar tarefas simples, noites mal dormidas e cansaço mental constante têm se tornado queixas frequentes entre adultos expostos ao uso excessivo de telas. A psicóloga Marina Karoline, em entrevista ao Papo com Ela, alerta que o consumo descontrolado de redes sociais e aplicativos está afetando diretamente o funcionamento do cérebro, reduzindo a capacidade de concentração, aumentando os níveis de ansiedade e interferindo na qualidade do sono. “O que a gente consome diariamente impacta diretamente nossa saúde mental”, afirma.
Embora jovens e adolescentes sejam grandes usuários das plataformas digitais, Marina destaca que adultos têm sofrido de maneira silenciosa. Muitos relatam perder o fio da meada durante conversas, esquecer compromissos simples, sentir irritabilidade constante e enfrentar bloqueios nas atividades de leitura e escrita. “Os adultos estão funcionando no automático, sempre acelerados, e isso tem custos emocionais altos”, explica.
Segundo a psicóloga, aplicativos foram desenvolvidos para prender o olhar e o cérebro responde buscando estímulos cada vez mais rápidos. “Quando você passa horas rolando o feed, o cérebro se acostuma ao consumo rápido de informações. Depois, ler um texto mais longo ou focar em um relatório do trabalho parece impossível”, afirma.
Esse ciclo, segundo ela, desgasta a capacidade cognitiva e diminui o foco de forma progressiva.
O impacto no sono é um dos pontos mais graves. “A hiperestimulação antes de dormir e a luz azul alteram o ciclo natural do descanso. Quando o sono está ruim, aumentam a ansiedade, o humor oscila e a memória recente fica prejudicada”, detalha.
Marina destaca ainda que ajustes simples podem gerar resultados imediatos. “Às vezes a pessoa só muda o horário de dormir e acorda totalmente renovada. É impressionante.”
Peneira digital e relações saudáveis
A especialista reforça que não basta reduzir o tempo de tela. É preciso filtrar o tipo de conteúdo consumido. “Pergunte-se: isso agrega? Isso me aproxima do que eu quero ser? Essa análise é fundamental.”
Ela também destaca o papel das relações sociais saudáveis como fator de equilíbrio. “Ter pessoas que te apoiam e te direcionam é essencial. Uma rede de apoio confiável te ajuda a perceber quando algo não vai bem.”
Marina defende um conjunto de ações que ajudam a reorganizar o cérebro e reduzir sintomas emocionais.
Atividade física prazerosa e regular.
Alimentação equilibrada, que influencia diretamente o humor.
Rotina de sono consistente.
Psicoterapia, quando houver sinais persistentes de ansiedade, tristeza ou dificuldades cognitivas.
Relações saudáveis como base de segurança emocional.
Consumo consciente das redes sociais.
“Essas práticas não custam caro e transformam completamente nossa relação com a ansiedade e com o cotidiano”, completa.
Assista à entrevista na íntegra:






