A sensação constante de estar perdendo algo – uma oportunidade, uma experiência, um evento social – tem nome: FOMO, sigla em inglês para Fear of Missing Out, que significa “medo de ficar por fora”. Popularizada na era digital, a síndrome foi tema de entrevista no programa Papo com Ela, apresentado por Michely Figueiredo e exibido toda sexta-feira, às 16h, na TV Pantanal (canal 22.1). O psicólogo Gabriel Mendes participou da edição para explicar o fenômeno e suas implicações.
Segundo o especialista, o medo de perder experiências sempre existiu, sendo inclusive explorado por estratégias de marketing há décadas. No entanto, a partir da massificação da internet e das redes sociais nos anos 2000, a FOMO se intensificou. “As redes sociais proporcionam um recorte da vida das pessoas, que normalmente mostram apenas momentos felizes ou experiências excepcionais. Isso faz com que o usuário, ao comparar sua própria rotina com essas imagens, sinta que sua vida é inferior ou menos intensa”, afirmou.
Gabriel explica que o ser humano não está preparado para o volume de informação a que é exposto atualmente. Essa sobrecarga, somada à constante comparação social, pode desencadear sintomas como ansiedade elevada, angústia, tristeza, insônia e um sentimento persistente de inadequação. Em alguns casos, a FOMO pode evoluir para quadros de ansiedade generalizada e comprometer relações pessoais e profissionais.
O psicólogo também alerta para os impactos no trabalho, especialmente em profissões que exigem monitoramento constante de informações, como o jornalismo. O excesso de atualizações e a pressão para estar sempre informado aumentam a sensação de urgência e o receio de estar perdendo algo relevante.
Apesar de não haver solução definitiva para a síndrome, Gabriel defende o consumo consciente das redes sociais como forma de mitigar seus efeitos. “Não é preciso parar de usar, mas entender por que se está usando e se é realmente necessário acompanhar tudo que acontece o tempo todo”, afirmou. Ele também aponta que gerações mais jovens, que já nasceram conectadas, têm menos repertório para avaliar criticamente o uso das plataformas digitais.
O fenômeno, segundo estudos, tem ligação direta com o funcionamento dos mecanismos de recompensa do cérebro. A busca constante por novidades e reconhecimento social ativa circuitos neurais ligados ao prazer, reforçando o ciclo de uso excessivo das redes.
A entrevista encerrou com uma reflexão sobre a importância de estabelecer limites para preservar a saúde mental. “É preciso reconhecer os efeitos da FOMO e construir hábitos digitais mais equilibrados”, concluiu o psicólogo.
Veja entrevista na íntegra: