#PAPO COM ELA Segunda-feira, 21 de Julho de 2025, 17:32 - A | A

Segunda-feira, 21 de Julho de 2025, 17h:32 - A | A

CONSUMO EMOCIONAL

Redes sociais impulsionam endividamento e afetam saúde mental, alerta consultora

Da Editoria

As redes sociais e a facilidade de compra online estão transformando o comportamento financeiro das famílias brasileiras e contribuindo para o aumento do endividamento. O alerta foi feito pela consultora financeira Patrícia Capitanio, em entrevista ao programa Papo com Ela, exibido às sextas-feiras, às 16h, na TV Pantanal 22.1.

Em Mato Grosso, conforme dados divulgados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), mais 1,2 milhão de pessoas fecharam o mês de junho com o nome sujo na praça por dívidas atrasadas. O contingente representa 46,3% da população adulta do estado. Ao todo, os matogrossenses devem R$ 6,65 bilhões, uma média de R$ 5,5 mil por pessoa inadimplente. A maioria dos devedores tem entre 30 e 49 anos e é do sexo masculino. 

Apesar de os dados apontarem que são os homens que mais devem, a consultora financeira ressalta que mulheres acabam sendo mais seduzidas pelas compras impulsivas influenciadas pelas redes por seu perfil mais "emocional". 

Segundo Patrícia, o consumo deixou de ser apenas uma resposta a necessidades e passou a atender gatilhos emocionais como autoestima, pertencimento e busca por aceitação social. “Hoje, cerca de 90% das compras são feitas no emocional. Pequenos gastos se acumulam e, quando percebemos, já viraram mil ou dois mil reais. O parcelamento dá uma falsa sensação de controle e abre espaço para novas compras”, explicou.

A consultora destaca que o cartão de crédito é a principal ferramenta usada nesse ciclo, não por ser um vilão em si, mas pela facilidade que oferece. “Ele permite comprar algo que você não tem condições de pagar naquele momento, mas deseja imediatamente. E com as redes sociais, esse desejo é potencializado por influenciadores, anúncios direcionados e estratégias de marketing que estimulam o imediatismo”, afirmou.

Pertencimento e validação social

Para Patrícia, o consumo online atende a mecanismos psicológicos mais profundos. “As redes vendem pertencimento. Quando compramos algo, muitas vezes não é o produto em si que buscamos, mas a aceitação, a validação. Queremos mostrar que podemos, que merecemos. E isso está ligado diretamente à autoestima”, disse.

Esse comportamento, segundo ela, tem atingido pessoas de todas as idades. “Atendi recentemente uma mulher de 55 anos que gastou mais de R$ 20 mil em roupas pela internet em apenas cinco meses. Ela só percebeu que estava comprando para preencher um vazio emocional quando a dívida se tornou insustentável.”

Impacto na saúde mental e na vida familiar

O endividamento causado por compras compulsivas pode levar a problemas mais graves. “Muitos casos de depressão, separações e até suicídios estão relacionados a dívidas. É um problema silencioso, porque as pessoas têm vergonha de falar sobre dinheiro. Elas sofrem sozinhas com o peso das escolhas financeiras”, alertou a consultora.

A ausência de educação financeira amplia a vulnerabilidade. “Juntamos dois fatores explosivos: a falta de preparo para lidar com o dinheiro e a alta disponibilidade de produtos, impulsionada pela tecnologia. As gerações anteriores não tiveram essa orientação, mas hoje temos acesso fácil a informações e aplicativos que podem ajudar. Precisamos assumir o protagonismo para quebrar o ciclo e ensinar as próximas gerações.”

Como se blindar do consumo emocional

Patrícia orienta que o primeiro passo é identificar os gatilhos de consumo. “Se você compra muito pela internet, desinstale os aplicativos. Se o problema é o shopping, substitua essa atividade por um passeio ao ar livre. Se gasta à noite, troque o hábito de ficar no celular por leitura ou momentos com a família”, sugeriu.

Outras dicas incluem:

Analisar o extrato do cartão de crédito e categorizar os gastos para entender onde está o problema;

Não deixar o cartão salvo no celular e, se possível, evitar andar com ele;

Fazer perguntas antes de cada compra: eu preciso? eu posso? é o momento certo?;

Reprogramar a mente para resistir ao imediatismo e valorizar o planejamento.

“É um trabalho de autoconhecimento. Quando entendemos o porquê compramos, conseguimos retomar o controle. Sempre há saída, mesmo para quem já está endividado. Pode não ser rápido nem fácil, mas é possível mudar a rota”, reforçou.

Onde assistir à entrevista completa

A entrevista com Patrícia Capitanio foi exibida no Papo com Ela, programa apresentado por Michely Figueiredo e transmitido todas as sextas-feiras, às 16h, na TV Pantanal 22.1. O conteúdo está disponível no canal oficial do programa no YouTube. Os interessados podem se inscrever para acompanhar essa e outras entrevistas sobre comportamento, saúde, cultura e empreendedorismo.

Assista à entrevista na íntegra:



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