Janeiro foi o mês escolhido, ainda no ano de 2014, para dar início à campanha Janeiro Branco, que tem como finalidade reforçar a importância do cuidado com a saúde mental. Embora a pandemia de Covid-19 tenha escancarado a necessidade desse cuidado, o acompanhamento psicológico ainda é considerado tabu para a maior parte da sociedade.
“Isso está mudando um pouco, mas 2% da população só faz terapia hoje. Se você levar em consideração, e todo mundo passa por uma experiência traumática dependendo do meu contexto de família, como é que foi a minha história familiar, vou estabelecer um modelo para me relacionar com o mundo. Se pensar em trabalhar seja no casamento ou com a família de origem, o que for, se tem algo que é difícil para lidar, se as relações são complicadas, busco esse caminho de trabalhar esse relacional. Qual vai ser o resultado disso? Não é só estar bem comigo mesma, mas conseguir ter repertório para lidar com a vida, porque muitas vezes falta repertório, inteligência emocional. E ela é desenvolvida ao longo dessas experiências”, ponderou a psicóloga, terapeuta familiar e psicotraumatologista, Lucieny Rocha.
De acordo com o instituto Janeiro Branco, que deu nome e iniciou a campanha, “uma humanidade mais saudável pressupõe respeito à condição psicológica de todos”.
E o primeiro mês do ano foi escolhido justamente por ser uma página em branco, onde uma nova história pode ser construída. É costumeiro neste período a pessoa parar para refletir, rever metas, adotar novos hábitos.
“Janeiro é uma espécie de portal entre ciclos que se fecham e ciclos que se abrem nas vidas de todos nós. A cor branca foi escolhida por, simbolicamente, representar ‘folhas ou telas em branco’ sobre as quais podemos projetar, escrever ou desenhar expectativas, desejos, histórias ou mudanças com as quais sonhamos e as quais desejamos concretizar”, diz o site da campanha.
Diante da força motriz da campanha, desenvolvida há 9 anos, a psicóloga ressalta que saúde mental implica diretamente em todos os setores da nossa vida.
“Pensar em epigenética, patologias físicas, elas são a porta de entrada, tem muito a ver com o teu estado emocional. Então, você pode ganhar o mundo, se você não tiver saúde mental, não vai desfrutar daquilo pelo qual você está lutando, buscando no decorrer da vida”, lembra Lucieny.
O mote da campanha deste ano é "A vida pede equilíbrio". Com mudanças cada vez mais velozes, proporcionadas principalmente pela revolução tecnológica, é preciso estar atento.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o Brasil é considerado o país mais ansioso do planeta. Só aqui, cerca de 18,6 milhões de pessoas sofrem de ansiedade — o que nos coloca no topo do ranking mundial.
A última pesquisa mais abrangente, da Vital Strategies e da Universidade Federal de Pelotas, mostrou que os que dizem ter sido diagnosticados com depressão subiram de 9,6% antes da pandemia para 13,5% em 2022 no país.
Assista à entrevista na íntegra: