DESENVOLVIMENTO Quinta-feira, 23 de Outubro de 2025, 07:39 - A | A

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FUTURO PRESENTE

A longa espera de Cáceres chega ao fim com a inauguração da ZPE

Da Redação com Assessoria

Cáceres, MT – O dia 24 de outubro de 2025 entra para a história de Cáceres não apenas como uma data no calendário, mas como o marco zero de um futuro longamente aguardado. Sob o sol da região oeste, o governador Mauro Mendes, ao lado de lideranças locais e estaduais, oficializa a inauguração da Zona de Processamento de Exportação (ZPE), um projeto que atravessou gerações e agora se materializa como um dos mais importantes vetores de desenvolvimento para Mato Grosso.

A cerimônia, marcada para as 10h, simboliza a superação de um imbróglio de mais de 30 anos. Para o governador, o ato representa a filosofia de sua gestão: destravar obras, resolver pendências e entregar resultados concretos à população. A ZPE, um sonho que parecia desvanecer, ressurge robusta, pronta para operar e atrair indústrias com foco no mercado global.

O investimento total do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), alcança a cifra de R$ 51,3 milhões. Este montante foi crucial para transformar uma área antes paralisada em um moderno complexo industrial, dotado de regimes tributário, administrativo e cambial diferenciados, essenciais para ampliar a competitividade dos produtos mato-grossenses no exterior.

A estrutura impressiona: são 247 hectares divididos em cinco módulos, que abrigam 341 lotes industriais. A infraestrutura é completa, incluindo um recinto aduaneiro, área administrativa, armazéns e sistemas de controle de última geração, elementos que garantiram o alfandegamento pela Receita Federal em março de 2024, a última grande chancela para o início das operações.

A inauguração desta sexta-feira, contudo, é a culminação de uma saga que começou muito antes, no final da década de 80. A história oficial registra a criação da ZPE por decreto presidencial em 1990, mas a sua verdadeira gênese remonta aos anos de 1987 e 1988, na mente visionária do então prefeito de Cáceres, Antonio Fontes.

Seu filho, Túlio Fontes, que também viria a ser prefeito por dois mandatos e deputado estadual, recorda com precisão o empenho do pai. "Ele foi o primeiro prefeito eleito após o período de arbítrio, pois Cáceres era área de segurança nacional. E desde o início, ele começou a articular esse projeto grandioso", conta Túlio.

A articulação de Antonio Fontes foi intensa e estratégica. Documentos da época, guardados como relíquias, mostram a mobilização que ele promoveu. Um fac-símile enviado diretamente à Presidência da República foi o primeiro passo de uma jornada que envolveria toda a classe política do estado.

Com uma visão clara do potencial de Cáceres como um polo exportador, o prefeito Fontes não mediu esforços. Engajou pessoalmente os três senadores e os oito deputados federais da bancada mato-grossense da época, incluindo nomes como Márcio Lacerda, Jonas Pinheiro e Júlio Campos. "Toda a bancada federal recebeu o ofício. Ele iniciou todo o processo", relembra Túlio.

Para dar magnitude nacional ao debate, a prefeitura trouxe a Cáceres a jornalista Lilian Witte Fibe, então no auge de sua carreira. Ela se tornou a "grande vedete" dos seminários, usando sua influência para atrair os holofotes da imprensa e legitimar a importância da ZPE para o Brasil.

A participação de Túlio Fontes nesses eventos era a de um jovem recém-formado, observando de perto a tenacidade do pai. Mal sabia ele que, anos mais tarde, o destino daquele projeto estaria em suas próprias mãos.

O primeiro grande golpe veio no início dos anos 90. O presidente Fernando Collor, por meio de sua ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Mello, arquivou o projeto. O pretexto oficial era de que a ZPE poderia atrapalhar o recém-criado Mercosul, uma justificativa que, para os defensores da zona de exportação, nunca foi convincente.

O projeto permaneceu engavetado durante anos. A resistência, segundo Túlio, vinha principalmente de setores influentes de São Paulo, que temiam a migração de indústrias para Mato Grosso em busca de incentivos fiscais. O protecionismo paulista falou mais alto, e a ZPE de Cáceres mergulhou em um longo período de esquecimento.

A esperança ressurgiu apenas em 2010, quando o então presidente Lula decidiu "tirar da gaveta" os projetos de ZPEs paralisados pelo país. Foi dado um prazo fatal de um ano para que os municípios demonstrassem viabilidade, com a principal exigência sendo a apresentação da área devidamente cercada e regularizada.

Naquele momento crucial, o prefeito de Cáceres era Túlio Fontes. Ele herdou não apenas o sonho do pai, mas um problema gigantesco: a área destinada à ZPE havia sido invadida ao longo de quase duas décadas. A missão parecia impossível: era preciso entrar na Justiça para reintegrar a posse, limpar todo o terreno e protocolar o projeto em Brasília dentro de um ano.

"Foi uma guerra", descreve Túlio. "Peguei as duas únicas patrolas que tínhamos e mandei limpar toda a área. Tive que lutar na Justiça. Foi muito difícil, cheguei lá praticamente no último dia do prazo. Se eu não tivesse protocolizado a tempo, ninguém estaria vindo inaugurar ZPE nenhuma hoje". Essa ação o consagrou como o "batalhador" que resgatou o projeto da prescrição.

Após a batalha de Túlio, a ZPE sobreviveu, mas ainda precisava do impulso final. É neste ponto que a história encontra a gestão de Mauro Mendes. A partir de 2019, o Governo do Estado assumiu a liderança do processo, iniciando uma ampla regularização jurídica, contábil e administrativa que saneou todas as pendências que ainda travavam o empreendimento.

A decisão de Mendes de investir os R$ 51,3 milhões foi o passo definitivo que permitiu a construção da infraestrutura física, atendendo a todas as exigências federais e tornando a ZPE, finalmente, uma realidade palpável e atrativa para os investidores.

O evento desta sexta-feira também celebra a memória do engenheiro Adilson Reis, cujo nome batizará a ZPE. Técnico competente e secretário de Planejamento de Túlio Fontes, Adilson foi um dos grandes lutadores pelo projeto. A homenagem, sugerida por Túlio em um gesto de reconhecimento, eterniza o legado de quem dedicou sua vida à causa.

Mas o que a ZPE significa na prática para a cidade? Túlio Fontes, que estudou modelos semelhantes em diversos países, explica: "A ZPE é fundamental para o desenvolvimento. Ela gera emprego e renda. O empresário visa lucro, e os incentivos fiscais fortes atraem as empresas. Uma vez instaladas, elas geram empregos diretos e, principalmente, indiretos".

Ele detalha que, embora as indústrias precisem de mão de obra especializada, o maior impacto será sentido fora dos muros do complexo. "É o hotel, a lavanderia, o restaurante. São os pequenos e médios comerciantes que vão fornecer serviços para a grande população que trabalhará lá dentro. Isso vai movimentar a economia de Cáceres, da região e do estado".

A inauguração, contudo, não está isenta de controvérsias. Associações comerciais de Cuiabá já manifestaram preocupação com uma possível concorrência desleal. Túlio refuta essa visão, atribuindo-a à falta de conhecimento. "Eles confundem ZPE com freeshop. São coisas distintas. A ZPE fortalece a indústria e beneficia o estado como um todo, não prejudica o comércio de ninguém".

A chegada de indústrias de ponta também acende um alerta positivo para a necessidade de qualificação profissional. A demanda por especialistas impulsionará a criação de cursos técnicos e profissionalizantes, abrindo novos horizontes para a juventude da região.

A agenda do governador Mauro Mendes em Cáceres não se resume à ZPE. O dia é de festa para a cidade, com a entrega de outras obras importantes, viabilizadas durante a passagem de Túlio Fontes pela Assembleia Legislativa em 2021.

A população recebe a revitalização completa do Complexo Esportivo Didi Profeta, uma obra originalmente construída na gestão de Antonio Fontes, pai de Túlio, criando uma bela conexão simbólica entre as gerações da família e o progresso da cidade.

Além do complexo Didi Profeta, Túlio, na condição de deputado estadual em 2021, conseguiu com o governador Mauro Mendes os recursos necessários para a reforma e revitalização da Praça Duque de Caxias, do icônico Estádio Geraldão e do miniestádio do bairro Jardim Paraíso, obras que renovam os espaços de esporte e lazer dos cacerenses.

 



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