A Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso informou que um empresário do ramo de transportes (nome não divulgado) é o principal alvo da terceira fase da Operação Safra, que investiga furtos de cargas de grãos no estado. Conforme divulgado pela PJC, o patrimônio do investigado teria sido construído, inicialmente, por meio do furto de pelo menos dez cargas de cerveja, antes mesmo de sua integração ao grupo criminoso especializado em desvio de grãos como soja e milho.
As investigações da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) apontam que os recursos obtidos de forma ilícita foram utilizados pelo empresário para a aquisição de caminhões e a expansão das atividades criminosas. Segundo a PJC, todo o patrimônio em nome do investigado, de suas empresas ou de terceiros, seria proveniente dessas condutas, o que resultou em prejuízo financeiro irreparável para diversas vítima
Em 2020, dois caminhões carregados com cerveja produto de roubo foram apreendidos em Nova Mutum. Na ocasião, três comparsas do empresário foram presos após troca de tiros com a polícia. O esquema envolvia a participação de funcionários de fazendas – como balanceiros, gerentes e operadores de carga –, responsáveis por facilitar a entrada de caminhões sem documentação fiscal ou registro oficial.
O grupo também utilizava logística estruturada para escoar os grãos desviados, levando as cargas para empresas em Cuiabá, investigadas em fases anteriores da operação. Além disso, notas fiscais falsas eram empregadas para dar aparência legal à mercadoria, e núcleos especializados atuavam na falsificação de documentos e lavagem de dinheiro.
Ainda de acordo com a PJC, o empresário optou pelo furto de cargas de grãos por ser mais lucrativo e apresentar menos riscos do que o roubo de cerveja, mas manteve a atuação criminosa. O suspeito é apontado como operador financeiro da organização, estando envolvido em prejuízos superiores a R$ 4,5 milhões em pelo menos sete fazendas. Um dos casos destacados pela polícia detalha o desvio simultâneo de cinco cargas de soja, causando perdas de aproximadamente R$ 425 mil.
As apurações continuam e, segundo a instituição, as ações do grupo causaram perdas milionárias a produtores e ao setor logístico do estado.