O governador Mauro Mendes (UB) evitou antecipar decisões sobre uma eventual candidatura nas eleições de 2026 durante entrevista à CBN Cuiabá, nesta quarta-feira (19). Ao ser questionado sobre o tema, o chefe do Executivo afirmou que o foco atual permanece nas entregas da gestão e deixou em aberto seu futuro político, criticando a antecipação do debate eleitoral.
"Eu tenho procurado, no final do dia, evitar ficar falando de eleição o tempo todo. Eu quando era cidadão, só cidadão, do meu mundo, trabalhando, cuidando da minha vida, eu ficava P da vida quando eu via os políticos só falando em eleição", disse o governador.
Mendes reiterou que não há definições no momento e que tenta evitar esse tipo de conversa fora do período oficial de campanha. Segundo ele, as especulações são constantes. "E é uma converseira o tempo todo, gente! Ah, apoia, vai ser isso, é fulano, é fulano. Parece que não tem outro assunto", declarou.
De acordo com o governador, a decisão sobre seu futuro político ficará para o próximo ano. Ele condicionou sua continuidade na vida pública a uma reflexão pessoal e familiar, além de conversas com aliados. "O ano que vem eu decido. Vou fazer as minhas orações, vou conversar com a minha família, vou conversar com alguns parceiros, aliados, vou ouvir um pouco e vou tomar a decisão: se eu vou continuar na política ou se eu vou voltar para casa de cabeça erguida", explicou.
Para justificar o foco na administração em detrimento da política partidária neste momento, Mendes citou a inauguração do Hospital Central, prevista para dezembro. "Aquele mesmo hospital ficou trinta e quatro anos parado. Um prédio de seis andares ali, na frente do Ministério Público, a quinhentos metros do Palácio do Governador", contextualizou, acrescentando que a unidade será "o maior e o melhor hospital de Mato Grosso".
Ainda no balanço de gestão, o governador mencionou os investimentos em infraestrutura. Segundo ele, sua administração, “em conjunto com o vice-governador Otaviano Pivetta”, superará a marca de sete mil quilômetros de asfalto. "Quando nós chegamos aqui, em janeiro de 2019, Mato Grosso tinha seis mil e quatrocentos quilômetros de asfalto feito durante toda a sua história por todos os governadores passados", comparou.
Mendes também listou avanços na educação, afirmando que o estado saiu da vigésima segunda posição para a oitava no ranking nacional do ensino médio, além de citar investimentos no turismo e na agricultura familiar. "Para mim, o que importa verdadeiramente é o quanto o governo está entregando, o quanto que nós estamos melhorando a vida das pessoas", afirmou.
Sobre a disputa eleitoral em si, Mendes finalizou o tópico dizendo que o processo só terá início após sua definição pessoal. "Se ver que vou ser candidato, eu vou humildemente novamente pedir o voto e, ah, o jogo começa a partir que eu tomar essa decisão", concluiu.
Outro tema político abordado na entrevista foi a relação com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL). Mendes relatou ter ficado "chateado" com críticas feitas pelo parlamentar, as quais classificou como divisivas para a direita. "Ele fica brigando com todo mundo, falando mal, dividindo a direita, dividindo as pessoas que estão num campo político próximo dele", disse o governador, afirmando que o assunto já foi superado.
Sucessão estadual
Quanto ao futuro do comando do estado, Mendes comentou sobre o vice-governador Otaviano Pivetta. O governador destacou a atuação do vice dentro da gestão desde 2019. "Ele não ficou lá só esperando sentado, esperando uma oportunidade para eu viajar. Ele trabalhou muito", afirmou, citando o envolvimento de Piveta em áreas como educação, infraestrutura e no Instituto de Defesa Agropecuária.
Mendes descreveu a trajetória de Piveta, lembrando seus três mandatos como prefeito de Lucas do Rio Verde e sua experiência empresarial. Ao projetar o perfil para a sucessão, o governador defendeu a escolha de um gestor com competência técnica. "Gente, ele (o eleitor) vai contratar um executivo para cuidar de Mato Grosso e dos nossos interesses, ele tem que ser competente e honesto", argumentou.
O governador também fez um alerta sobre o risco de retorno a modelos de gestão anteriores que, segundo ele, foram marcados por escândalos de corrupção. "Isso pode voltar, sim, a Mato Grosso. Esse risco sempre existe", pontuou.
Apesar de demonstrar confiança no preparo de Pivetta, Mendes ressaltou que a decisão final cabe ao eleitorado. "Eu tenho certeza de que Otaviano está preparado, tem condições e é isso que a gente vai apresentar para a sociedade. A escolha vai ser da população", disse. Ele complementou o raciocínio citando um ditado sobre escolhas e alternativas, projetando a possibilidade de continuidade do ciclo de gestão por mais oito anos.
Candidatura da primeira-dama
A entrevista também tratou da possibilidade de a primeira-dama, Virgínia Mendes, disputar um cargo eletivo em 2026. O governador afirmou que a decisão será exclusivamente dela, embora o tema seja debatido em família. "Claro que ela vai me ouvir, claro que ela vai ouvir os filhos. Mas a decisão é dela. E ela tem capacidade, tem autonomia para fazer a melhor escolha", declarou.
Mendes indicou que há uma probabilidade de as decisões de ambos estarem alinhadas. "Se eu decidir ser candidato, é provável que ela decida também. Se eu decidir não ser, é provável que ela também decida não ser", observou.
Sobre qual cargo Virgínia poderia disputar, o governador explicou que as opções estão abertas para o Legislativo, dadas as limitações legais para cargos no Executivo onde ele já atua. "No caso dela, ela pode ser candidata ou a estadual ou a federal", esclareceu Mendes, lembrando que ele próprio avalia possibilidades para o Senado ou Câmara Federal, já que não pode concorrer à reeleição para o governo.






