Conforme reportagem especial publicada pelo jornal Folha de S. Paulo e repercutida pela Secretaria de Comunicação de Mato Grosso (Secom-MT), o estado se consolida como palco do maior projeto ferroviário atualmente em execução no Brasil. Trata-se da 1ª Ferrovia Estadual, um empreendimento que, sob o comando da Rumo Logística, promete transformar a infraestrutura de transporte e o escoamento da produção agrícola nacional.
O projeto, baseado em um modelo regulatório de autorização considerado inédito no país, prevê a construção de 743 quilômetros de novos trilhos até o ano de 2030. O investimento total estimado para a obra pode alcançar a cifra de R$ 15 bilhões, um dos maiores aportes privados em infraestrutura logística na história recente do Brasil.
O objetivo central da nova ferrovia é ampliar de forma significativa a capacidade de transporte dos grãos produzidos em Mato Grosso, que é o maior produtor nacional, até o Porto de Santos, em São Paulo, principal porta de saída da safra brasileira para o mercado internacional.
A concepção do traçado tem como ponto de partida o município de Rondonópolis, um importante polo logístico já conectado à malha ferroviária nacional. A partir dali, a nova ferrovia se dividirá em dois ramais principais. O primeiro seguirá em direção à capital, Cuiabá, enquanto o segundo avançará para o norte, conectando as cidades de Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, regiões de alta produtividade agrícola.
Quando totalmente concluído, o corredor ferroviário integrará um total de 16 municípios mato-grossenses à malha já operada pela Rumo Logística, que se estende até o estado de São Paulo. Essa conexão consolidará um novo e robusto eixo de exportação, com potencial para redefinir a logística do agronegócio no país.
Segundo os dados levantados pela reportagem da Folha de S. Paulo, a ferrovia terá um papel decisivo no transporte da safra estadual. A expectativa é que, uma vez em plena operação, o novo corredor seja capaz de escoar aproximadamente 40% do volume total de grãos exportados pelo Brasil, que em 2024 foi estimado em 150 milhões de toneladas, com destaque para a soja e o milho cultivados em solo mato-grossense.
A complexidade de engenharia da megaobra também é um fator de destaque. O projeto executivo prevê a construção de 21 viadutos, 22 pontes de grande porte e dois quilômetros de túneis, posicionando o empreendimento como um dos mais desafiadores da infraestrutura nacional.
Especialistas em logística e regulação, ouvidos pelo jornal, ressaltam que o modelo adotado em Mato Grosso, onde a ferrovia é autorizada pelo estado em vez de ser uma outorga do governo federal, representa um marco. Essa nova abordagem regulatória, segundo eles, abre um precedente importante e pode estimular uma nova onda de investimentos privados na expansão da malha ferroviária brasileira.
O impacto socioeconômico do projeto é outro ponto de relevo. De acordo com as projeções apresentadas, a construção e operação da ferrovia devem gerar cerca de 145 mil empregos, entre diretos e indiretos, ao longo de todas as suas fases de execução.
Atualmente, na fase inicial das obras, já foram criados 5 mil postos de trabalho. Esse número, por si só, representa 60% de todas as vagas abertas em obras de infraestrutura em Mato Grosso, evidenciando o peso e a importância do empreendimento para a economia da região.
O primeiro trecho em construção, que liga Rondonópolis a Campo Verde, possui 211 quilômetros de extensão e tem um orçamento de R$ 5 bilhões. A Folha de S. Paulo destaca que os primeiros 160 quilômetros deste trecho têm previsão de entrada em operação já em 2026, o que antecipará os benefícios logísticos para o agronegócio antes mesmo da conclusão total da obra.
Com a expansão dos trilhos e a integração completa ao corredor que leva a São Paulo, o estado de Mato Grosso se prepara para uma mudança estrutural no transporte de cargas. A nova ferrovia permitirá uma redução significativa da dependência do modal rodoviário, que hoje se encontra sobrecarregado e com custos operacionais mais elevados.
A transição para o transporte ferroviário promete tornar o processo de exportação mais rápido, eficiente e, consequentemente, mais competitivo no cenário global. Para os especialistas consultados, a obra não é apenas um marco para o agronegócio, mas também um divisor de águas na modernização da infraestrutura de transportes do Brasil.






