NOTICIÁRIO Quinta-feira, 04 de Dezembro de 2025, 10:41 - A | A

Quinta-feira, 04 de Dezembro de 2025, 10h:41 - A | A

MINERAIS CRÍTICOS

Brasil busca materializar potencial em minérios estratégicos para transição energética

Da Redação com ABr

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado nesta quinta-feira (4 de dezembro) aponta que o Brasil tem grande potencial geológico para minerais críticos, conforme informações da jornalista Ana Cristina Campos publicadas pela Agência Brasil. Os pesquisadores Rafael da Silveira Soares Leão, Mariano Laio de Oliveira e Danúbia Rodrigues da Cunha analisam a importância do Brasil na cadeia global de minerais críticos da transição energética, examinando reservas, produção, comércio exterior e investimentos

De acordo com dados do Instituto Brasileiro da Mineração (Ibram), o Brasil detém aproximadamente 10% das reservas mundiais de minerais críticos. Esses minerais incluem elementos como lítio, cobalto, níquel e terras raras, fundamentais para baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e semicondutores.

Os minerais críticos são recursos essenciais para setores estratégicos como tecnologia, defesa e transição energética. Sua oferta está sujeita a riscos de escassez ou dependência de poucos fornecedores. A China e a Austrália dominam a produção global, enquanto país como África do Sul e Chile também ocupam posições relevantes no mercado internacional.

Apesar do potencial geológico, a atuação do Brasil no comércio internacional nas últimas duas décadas foi tímida, refletindo dificuldades internas de uma produção mineral incerta. "Entretanto, a expansão dos investimentos em capital físico e a retomada dos dispêndios em pesquisa geológica, nos últimos anos, em linha com as tendências mundiais, parecem preparar o país para um ciclo virtuoso de expansão da produção", afirmam os pesquisadores do Ipea.

A pesquisa conclui que um novo ciclo de investimentos, "aparentemente em curso", pode impulsionar a mineração brasileira a operar em outro patamar de competitividade. Porém, advertem os autores: "mas é importante que as expectativas sobre o impacto do setor na economia brasileira sejam realistas".

A cadeia produtiva da mineração brasileira oscilou entre 0,75% e 2% do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2000 e 2019, dependendo dos ciclos de expansão e retração das cotações das commodities minerais. O minério de ferro representa mais de dois terços do setor.

O Brasil é o segundo maior detentor de reservas de terras raras no mundo, com 23% das jazidas, segundo dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB). O país totaliza aproximadamente 21 milhões de toneladas de terras raras. Enquanto isso, ocupa a primeira posição em reservas de nióbio, com 94% do total mundial (16 milhões de toneladas), a segunda em grafita, com 26% (74 milhões de toneladas), e a terceira em níquel, com 12% (16 milhões de toneladas).

O governo federal tem implementado iniciativas para fortalecer a produção de minerais estratégicos. O Decreto nº 11.964/2024, publicado em março, regulamenta critérios para projetos de investimento prioritários em infraestrutura e produção econômica intensiva em pesquisa. Possibilita a emissão de debêntures incentivadas para empresas em projetos de minerais voltados para a transição energética.

Em janeiro de 2025, foi lançada uma chamada pública de planos de negócios para investimentos em transformação de minerais estratégicos, com recursos de R$ 5 bilhões. Das 124 propostas apresentadas, 56 foram selecionadas, totalizando investimentos de R$ 45,8 bilhões.

O Projeto MagBras – Da Mina ao Ímã foi lançado em julho de 2025, estruturando uma cadeia nacional para fabricação de ímãs permanentes à base de terras raras. Reúne 28 empresas, incluindo 12 mineradoras e 7 instituições de ciência e tecnologia, com investimento total de R$ 73 milhões.

O Conselho Nacional de Política Mineral (CNPM) foi instalado em outubro de 2025, composto por representantes de 18 ministérios. O objetivo é planejar políticas de exploração mineral, incluindo minerais críticos e terras raras, fortalecendo a governança e coordenação das ações governamentais no setor.

Um projeto de lei apresentado ao Senado Federal em maio de 2025 altera o Código de Minas para estabelecer regras sobre exportação de minerais portadores de elementos terras raras não beneficiados. A proposta busca evitar exportação de matérias-primas sem valor agregado, fortalecendo a indústria nacional e inserindo o Brasil nas cadeias globais de tecnologia e economia verde.

Terras raras em Mato Grosso

Estudos preliminares realizados pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) identificaram potenciais depósitos de terras raras em regiões estratégicas do estado. As áreas de interesse incluem Itiquira (sudeste), Serra do Canamã (norte) e Planalto da Serra (centro-sul), todas apresentando formações geológicas promissoras associadas a rochas alcalinas, indicativas da presença desses minerais.

A descoberta de potencialidades de terras raras em Mato Grosso amplia as perspectivas para o Brasil na corrida global por minerais estratégicos. O estado se posiciona como relevante na oferta de recursos essenciais para tecnologias de transição energética e inteligência artificial.

Mato Grosso integra a estratégia nacional de diversificação das reservas minerais brasileiras. Enquanto Minas Gerais, Amazonas, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo e Roraima concentram as principais reservas conhecidas de terras raras, o estado amplia a base de recursos disponíveis para a indústria nacional.

A presença de potenciais depósitos em formações geológicas favoráveis coloca Mato Grosso na agenda de pesquisa e investimento em minerais críticos. O desenvolvimento desses recursos dependerá de investimentos em pesquisa geológica, tecnologia de extração e cumprimento de regulamentações ambientais.

O governo federal reconhece a importância de diversificar geograficamente a produção de minerais estratégicos. A identificação de novas potencialidades em Mato Grosso contribui para reduzir concentração de reservas e aumentar segurança de abastecimento da indústria brasileira.

Os desafios para materializar esses potenciais incluem investimentos em exploração, desenvolvimento de infraestrutura de processamento e capacitação de profissionais. A integração de Mato Grosso na cadeia de minerais críticos demanda articulação entre governo, instituições de pesquisa e setor privado.

A transformação de minerais em produtos de maior valor agregado é prioritária. Diferente da simples exportação de minério bruto, processar terras raras localmente geraria empregos qualificados e aumentaria renda estadual.

Acordos de cooperação técnica entre a UFMT, agências federais e empresas mineradoras podem acelerar exploração sustentável dos depósitos identificados. A capacitação em tecnologias de extração responsável é fundamental para atender demanda crescente por esses recursos no mercado internacional.

A participação de Mato Grosso na indústria de minerais críticos representa oportunidade de diversificação econômica para o estado. Além do agronegócio, o estado poderia fortalecer seu papel na cadeia de tecnologias limpas e defesa.

O plano PlanGeo, lançado pelo governo federal, amplia conhecimento sobre o potencial mineral do Brasil e inclui Mato Grosso em suas prioridades de pesquisa geológica estratégica.

A expectativa é que nos próximos anos, após conclusão de estudos de viabilidade técnica e econômica, projetos comerciais de extração de terras raras em Mato Grosso saiam do papel. Isso dependerá de marcos regulatórios claros e investimentos privados e públicos.

 



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