NOTICIÁRIO Terça-feira, 07 de Outubro de 2025, 10:50 - A | A

Terça-feira, 07 de Outubro de 2025, 10h:50 - A | A

COMÉRCIO EXTERIOR

Brasil usará impacto em preços nos EUA para reverter tarifas

Da Redação com Andréia Verdélio/ABr

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (7) que o governo brasileiro apresentará argumentos econômicos sólidos para reverter as sobretaxas aplicadas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, focando em como a medida prejudica o próprio consumidor norte-americano. A declaração foi feita durante uma entrevista ao programa Bom Dia Ministro, da Agência Brasil.

Segundo Haddad, o principal argumento a ser levado à mesa de negociação é o impacto inflacionário que as tarifas geram nos Estados Unidos. "O papel do Ministério da Fazenda e do Ministério do Desenvolvimento é justamente oferecer os melhores argumentos econômicos para mostrar, inclusive, que o povo dos Estados Unidos está sofrendo com o tarifaço", declarou o ministro.

Ele detalhou que produtos essenciais do dia a dia americano foram diretamente afetados. “Eles estão com o café da manhã mais caro, eles estão pagando o café mais caro, eles estão pagando a carne mais cara, eles vão deixar de ter acesso a produtos brasileiros de alta qualidade”, exemplificou Haddad, citando itens que estão entre os principais alvos das barreiras.

A ofensiva diplomática brasileira ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira (6), quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conversaram por videoconferência. Durante a chamada de meia hora, Lula solicitou formalmente a retirada da sobretaxa de 40% e de outras medidas restritivas.

Como resultado da conversa, Trump designou o secretário de Estado, Marco Rubio, para dar andamento às negociações com o Brasil. Os dois presidentes também estabeleceram um canal direto de comunicação e discutiram a possibilidade de um encontro presencial em breve.

Haddad expressou confiança na estratégia adotada pelo Palácio do Planalto, ressaltando a capacidade da diplomacia brasileira. “Eu creio que a estratégia que foi decidida pelo presidente Lula vai render os melhores frutos para o Brasil, independentemente de quem seja designado para negociar”, afirmou, acrescentando que acredita que o episódio foi um "equívoco muito grande" por parte dos EUA, baseado em "desinformação".

O ministro atribuiu parte da crise diplomática a ações de grupos brasileiros que, segundo ele, estariam disseminando informações falsas sobre a situação política do Brasil ao governo americano. “Está cada vez mais claro para o governo dos Estados Unidos, como está claro para o mundo inteiro, que não está acontecendo nada no Brasil que não siga absolutamente as regras democráticas do Estado de Direito”, pontuou.

Haddad também lembrou que os Estados Unidos mantêm um superávit comercial com o Brasil, o que, em sua visão, torna as tarifas ainda menos justificáveis. Ele destacou ainda as vastas oportunidades de investimento que o Brasil oferece, especialmente nas áreas de transformação ecológica, energias renováveis e minerais críticos.

Entenda o caso

A imposição de tarifas faz parte da política comercial da gestão Trump, que visa proteger a economia americana da concorrência externa, especialmente da China. No dia 2 de abril, os EUA instituíram barreiras alfandegárias a diversos parceiros. Na ocasião, por ter um superávit na balança comercial com o Brasil, foi aplicada a menor alíquota, de 10%.Contudo, a situação se agravou em 6 de agosto, quando uma tarifa adicional e específica de 40% entrou em vigor contra o Brasil. O governo americano justificou a medida como uma retaliação a decisões brasileiras que, segundo Washington, prejudicariam as grandes empresas de tecnologia ("big techs") dos EUA. Além disso, a Casa Branca citou como motivo a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por sua participação em uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

A repercussão entre os setores exportadores brasileiros tem sido de grande preocupação. A sobretaxa afeta diretamente a competitividade de produtos chave como café, suco de laranja, carnes e aço, que representam bilhões de dólares na pauta de exportação para os Estados Unidos, um dos maiores parceiros comerciais do Brasil. Entidades do agronegócio e da indústria aguardam os resultados das negociações, alertando para o risco de perdas de mercado e demissões caso as barreiras sejam mantidas.



Comente esta notícia

Nossa República é editado pela Newspaper Reporter Comunicação Eireli Ltda, com sede fiscal
na Av. F, 344, Sala 301, Jardim Aclimação, Cuiabá. Distribuição de Conteúdo: Cuiabá, Chapada dos Guimarães, Campo Verde, Nova Brasilândia e Primavera do Leste, CEP 78050-242

Redação: Avenida Rio da Casca, 525, Bom Clima, Chapada dos Guimarães (MT) Comercial: Av. Historiador Rubens de Mendonça, nº 2000, 12º andar, sala 1206, Centro Empresarial Cuiabá

[email protected]/[email protected]

icon-facebook-red.png icon-youtube-red.png icon-instagram-red.png icon-twitter-white.png