Na primeira avaliação dos eleitores da nova legislatura do Congresso Nacional, o trabalho de deputados e senadores foi considerado ótimo ou bom por apenas 16% dos ouvidos em nova pesquisa do Datafolha. Desaprovam como ruim ou péssimo os parlamentares 33%, e 48% os consideram regulares.
A opinião foi colhida em 2.016 entrevistas feitas em 139 municípios do país nos dias 12 e 13 deste mês. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos. Não souberam responder 4% dos ouvidos.
O ano parlamentar até aqui tem sido marcado de forma dupla. Por um lado, houve um avanço inicial da pauta econômica do governo Lula (PT), que coincide no arcabouço fiscal apresentado pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) com as linhas gerais defendidas no Congresso.
Mas houve muitos embates e derrotas do governo em votações, atribuídas no Palácio do Planalto à vontade de parlamentares do majoritário centrão de terem mais espaço no governo. Lula por fim aquiesceu e cedeu neste mês dois ministérios para partidos do grupo, mesmo que, como no caso explícito do Republicanos, não haja declaração de apoio ao Executivo ou garantia de votos.
Diversas CPIs foram implantadas, como a sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, mas até aqui sem impacto relevante. Pautas alinhadas ao conservadorismo das duas Casas, como a questão do marco temporal de terras indígenas, são objeto de contestações.
Coincidentemente, a avaliação atual bate em linhas gerais com aquela do Congresso na legislatura passada, a essa altura do mandato dos parlamentares. Em agosto de 2019, o Datafolha aferiu os mesmos 16% de aprovação (além de 35% de reprovação e 45% de regular), e a Câmara dos Deputados havia aprovado recentemente a reforma previdenciária.
Mas o tensionamento proposto pelo governo de Jair Bolsonaro, que se vendia como impermeável ao toma lá dá cá desde a campanha eleitoral de 2018, crescia. Ele deixou até a política partidária formal em novembro de 2019, desfiliando-se do PSL. A aprovação do Congresso viria a atingir seu pior nível (45% de ruim/péssimo) no mês seguinte.
Na legislatura passada, o regime de atrito proposto por Bolsonaro teve altos e baixos, e um novo pico em que a reprovação superava os outros índices ocorreu em setembro de 2021, em um dos pontos mais agudos da campanha golpista do presidente contra as instituições.
O centrão ora em namoro com Lula já havia entrado em seu governo, e o mandatário acabou concorrendo à reeleição pelo PL.
Mas em setembro daquele ano a tensão política teve um pico, com o quase estouro da corda no feriado da Independência, em que Bolsonaro comandou manifestações em que as audiências pediam o fechamento do Congresso e do Supremo.
Passada a eleição, o clima amainou e a reprovação despencou para 26%, em dezembro passado, com iguais 48% de regular e 20%, de aprovação.
Agora, com o tempo passado fora do governo pelo ex-presidente, a maior reprovação ao trabalho congressual vem justamente dos que se declaram bolsonaristas: 42% consideram ruim ou péssima a atuação parlamentar. O número é quase o dobro dessa avaliação entre os petistas, de 22% de reprovação.