“As expectativas eram boas e os comerciantes estavam otimistas com relação ao ano que prometia ser de recuperação da economia. Os dois primeiros meses de 2020 foram bons, mas veio a pandemia de Covid-19 e o impacto foi devastador”, relata Manoel Procópio, vice-presidente da Federação do Comércio de Mato Grosso (Fecomércio MT). Neste dia 30 de outubro, quando se comemora o Dia do Comérciário, o momento ainda é de cautela com relação a uma possível retomada do ritmo pós-pandemia.
Empresário e proprietário de duas lojas, sendo uma de rua e outra no shopping, Manoel Procópio lembra que, apesar da redução gradativa das restrições impostas pelo poder público para conter a contaminação pelo novo coronavírus, muitos clientes ainda não retornaram. Como empresário ele diz que a clientela cativa do empreendimento que mantém há 40 anos ajudou a manter as portas abertas, mas a situação não foi a mesma para outros empresários. Há os que só conseguiram se manter graças ao auxílio dado pelo governo federal para que não demitissem seus funcionários.
“Os shoppings são, essencialmente, um local de aglomeração de pessoas. Muitos clientes que costumavam frequentar esses espaços e consumir ainda não se sentiram confortáveis para voltar e, apesar de o Natal ser uma das datas de maior venda, consequentemente, de movimentação do comércio, penso que ainda haverá muita cautela e incertezas”, observa.
A entidade ainda não possui um balanço dos prejuízos causados pela pandemia no comércio do estado. Segundo o vice-presidente, muitos comerciantes fecharam as portas, mas não oficializaram o encerramento da empresa, por isso é difícil estimar quantas sucumbiram à pandemia. Ele afirma, no entanto, que os setores de eventos, bares e restaurantes foram os mais impactados e onde houve maior quantidade de empresas que não retomaram as atividades.
Impacto da pandemia
Pesquisa realizada no final do primeiro semestre deste ano mostra como a pandemia de Covid-19 afetou negativamente as atividades de 62,4% dos 2,8 milhões de empresas em funcionamento na segunda quinzena de junho. De acordo com a Pesquisa Pulso Empresa, do IBGE, o impacto maior foi em empresas de pequeno porte, com até 49 funcionários, o maior contingente da amostra em que 62,7% perceberam efeitos negativos ante 46,3% das de porte intermediário, com até 499 funcionários e 50,5% entre as de grande porte, com 500 funcionários ou mais.
A queda nas vendas ou serviços comercializados em decorrência da pandemia foi sentida por metade (50,7%) das empresas em funcionamento na segunda quinzena de junho.
Em setembro um levantamento divulgado pela Fecomércio revelou que o índice de confiança do empresário do comércio voltou a ter resultados satisfatórios ao atingir 111 pontos. A melhora observada foi de 18,7% sobre o mês anterior e de 50,2% se comparado ao pior índice desde o início da pandemia, em junho, quando somou 73,9 pontos.
De acordo com o presidente da Fecomércio de Mato Grosso, José Wenceslau de Souza Júnior, a flexibilização das medidas de distanciamento social tem contribuído para a retomada das atividades econômicas e, consequentemente, com o otimismo da classe empresarial. “Apesar do impacto em determinados segmentos do comércio, conseguimos retomar as atividades mais rapidamente, o que contribuiu para a rápida recuperação do otimismo do empresariado na capital e no estado”, afirmou.
Compras online
Apesar de projeções cautelosas para o comércio nos próximos meses, há um olhar mais otimista para o universo online. O distanciamento social imposto pela pandemia aqueceu o comércio virtual e é nesse ambiente digital que estão as apostas de boas vendas para os próximos meses, tanto na Black Friday (novembro) quanto no Natal (dezembro).
Estudo sobre a retomada das vendas feito pela Rakuten Advertising estima que os dois períodos de venda citados acima não serão abalados pela pandemia e, para tanto, as empresas tendem a investir principalmente em ações online como promoções, publicidade e outros atrativos como cupons de desconto e frete grátis.
O levantamento, feito entre junho e julho deste ano com 8.673 pessoas de vários países, entre eles o Brasil, aponta que 86% dos entrevistados continuarão comprando online na Black Friday e no Natal e 31% usarão dispositivo móvel.