Com a experiência de quem já presidiu a influente Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) no Congresso Nacional e hoje é vice-presidente do Instituto Pensar Agro (IPA), o ex-deputado federal e ex-prefeito de Sinop, Nilson Leitão (PSDB), defendeu profundas reformas estruturais para o país, como o fim da reeleição para cargos executivos e a extinção do fundo partidário público. As declarações foram dadas em entrevista à Rádio CBN Cuiabá.
Figura central na articulação política do agronegócio brasileiro, Leitão abordou sua situação partidária e confirmou a possibilidade de deixar o PSDB, sigla à qual foi filiado durante toda a sua trajetória política. O motivo, segundo ele, é a atual regra eleitoral, que dificulta a formação de uma chapa competitiva. “Se não montar a chapa, não tem como disputar a eleição”, afirmou.
Ele revelou que a mudança pode ocorrer em breve, embora a decisão final ainda não tenha sido tomada. “Tenho convite de quatro partidos, mas um deles já está muito aprofundado”, disse, preferindo não nomear a legenda antes de comunicar oficialmente sua família e a direção nacional de seu partido atual.
Ao analisar o cenário político nos municípios, Leitão, que foi prefeito de Sinop por dois mandatos, fez uma crítica ao que considera um excesso de debate ideológico em detrimento da administração pública. Ele relembrou sua época como gestor, quando a cidade experimentava um crescimento acelerado e as demandas por serviços básicos não deixavam espaço para discussões partidárias.
“Hoje, estão com muito tempo para discutir questões ideológicas, lados políticos, e gestão é gestão, tem que concentrar”, comentou. Para ele, apesar da capacidade dos prefeitos eleitos, é preciso foco no cuidado com as pessoas, que definiu como a “função principal de um gestor público”.
Questionado sobre as mudanças mais urgentes para o Brasil, Nilson Leitão foi enfático ao apontar a necessidade de uma reforma partidária. Para ele, o ponto de partida seria a extinção do financiamento público de partidos. “Não pode ter um bilhão de reais num partido gerido, que é dinheiro cem por cento público, na mão de um presidente de partido”, criticou, referindo-se ao fundo partidário.
Na sua avaliação, a segunda medida mais importante seria o fim da reeleição para cargos do Poder Executivo. Leitão classificou a possibilidade de um segundo mandato consecutivo como uma das fontes de desvios na política nacional.
“A grande miséria do país e tudo isso que nós tamo vivendo significa reeleição”, declarou, argumentando que a prática leva governantes a usarem a máquina pública em benefício próprio. “O cara entra num mandato, ao invés de se preocupar em fazer gestão, ele tá preocupado em ser reeleito”.
Ele defendeu que, para o Legislativo, a regra pode ser diferente, citando o modelo dos Estados Unidos, mas que no Brasil a reeleição para o Executivo "tem sido o maior fruto da corrupção".
Com a autoridade de quem já transitou pelos corredores do Congresso, Leitão afirmou que, caso retorne à Câmara dos Deputados, pautará permanentemente o tema das reformas. Ele informou que já é autor de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com duzentas assinaturas para diminuir o número de parlamentares no país.
A proposta reduziria os deputados federais de 513 para 385 e os deputados estaduais de 1.200 para 800. “Vieram falar em aumentar deputado, eu sou contra. Tem que aumentar a qualidade, não a quantidade”, pontuou.
Ao final, resumiu as três reformas que considera essenciais: “Primeiro é isso. Segundo acabar com a reeleição. Terceiro, acabar com o fundo partidário público”. Para ele, esses são os temas que deveriam estar na pauta do país, em vez de discussões que não resultam em avanços práticos para a sociedade.
