O Governo de Mato Grosso vai contratar uma consultoria técnica especializada para revisar o projeto do túnel que será construído na região do Portão do Inferno, na MT-251, entre Cuiabá e Chapada dos Guimarães. A informação foi prestada pelo secretário estadual de Infraestrutura, Marcelo Oliveira, durante audiência pública na Assembleia Legislativa, nesta segunda-feira (20), para tratar sobre as obras do BRT em Cuiabá e Várzea Grande.
A nova etapa do projeto marca uma mudança de estratégia do Estado após o plano inicial de retaludamento ser descartado por inviabilidade técnica e ambiental. A proposta do túnel surge como alternativa definitiva para resolver os constantes deslizamentos de terra registrados na área, um dos pontos mais críticos da rodovia.
O governo insiste em adotar como solução o túnel, mesmo após estudos realizados por especialistas da UFMT apontarem que a melhor alternativa é a construção de um viaduto. Isso porque a saída e a entrada do túnel ainda ficam suscetíveis aos deslizamentos de blocos, que levou a mudança do funcionamento da rodovia desde dezembro de 2023.
Além disso, a dificuldade operacional para escavar o paredão também é apontada como um complicador. Isso deve causar um impacto ainda maior a Chapada dos Guimarães, porque durante a obra a estrada deverá ter o fluxo completamente interrompido.
“Até sexta eu estou com o orçamento detalhado. Eu falei para o governador: ‘eu nunca fiz túnel, não tenho ideia de como vou fazer o túnel com um material desse’. Então, vou contratar uma consultoria de geólogos e engenheiros que já mexeram com isso para analisarem o nosso projeto e orçamento”, afirmou Marcelo Oliveira.
O edital de licitação para a nova empresa responsável pela obra será lançado após a revisão técnica do projeto. A previsão é que o prazo de execução seja de um ano. Segundo a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra), o projeto original do Portão do Inferno já consumiu cerca de R$ 10 milhões dos R$ 37,6 milhões previstos, após aditivos contratuais.
As obras, iniciadas em 2024, chegaram a ser paralisadas para reavaliação técnica. Na época, o Executivo estadual desconsiderou estudos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) que alertavam para os riscos e inviabilidade da solução inicialmente proposta - o retaludamento.
Desafios também na MT-030
Durante a mesma audiência, o secretário também comentou sobre a MT-030, rodovia planejada para encurtar o trajeto entre Cuiabá e Chapada dos Guimarães. Oliveira reconheceu que o projeto enfrenta grandes obstáculos de engenharia, especialmente na subida da serra. O trajeto é muito íngreme e garantir condições para que os veículos consigam vencer a subida é o desafio.
“O senhor conhece a Rio-Santos? É terrível. Só que a 030 ainda é pior”, comparou, ao responder a um questionamento do deputado estadual Júlio Campos (União Brasil). “Ela sai no platô, aí chega lá no final e tem aquele morro enorme. São 30 km de platô, uma maravilha. Mas e para subir aquilo? Vai gastar mais 30 km, fazendo viaduto, terceira pista, essas coisas todas. Depois que o homem foi à Lua, eu acredito em tudo. A obra sai, mas eu não sei a que preço”, completou.
Apesar das dificuldades, Marcelo reforçou que a MT-030 permanece como prioridade no planejamento do Estado, mas exige um projeto técnico sólido e seguro. “Se for lançado comigo, será em regime de RDCI, e mesmo assim com consultoria especializada de fora, se for preciso”, afirmou.