Há cinco dias da votação no segundo turno em Cuiabá, o atual prefeito e um dos concorrentes ao cargo no Palácio Alencastro, Emanuel Pinheiro (MDB) gravou um vídeo no qual tenta explicar o episódio do Paletó. Segundo o emedebista, as cenas lhe causam "vergonha" porque foram tiradas de contexto. Depois de três anos, o prefeito pediu desculpas ao povo cuiabano.
"Quando olho para as cenas gravadas eu entendo que você também tenha se sentido indignado. Tirada do contexto, as cenas só me causam vergonha. Eu sinto muito por isso", declarou.
Em 2017, um vídeo no qual Emanuel aparece enchendo os bolsos com dinheiro pago pelo ex-secretário de gabinete de Silval Barbosa, Silvio César Correa, foi apresentado como prova de um esquema que funcionava na Assembleia Legislativa no âmbito da delação premiada fechada por Silval Barbosa. Conforme o ex-governador, um mensalinho era pago aos deputados estaduais para garantir a governabilidade.
No entanto, Emanuel Pinheiro nega que fizesse parte do esquema e afirma que o dinheiro recebido era parte do pagamento de serviços prestados por seu irmão, Popó, ao governo de Mato Grosso.
"Fui receber um pagamento devido ao meu irmão Popó, imaginando que receberia uma folha de cheque, e terminei sendo usado por delatores como se tivesse ido receber algo para mim. Pode reparar que eu peço que o restante da dívida fosse feito por transferência bancária".
A demora para se pronunciar, conforme explica no vídeo, ocorreu porque o processo referente ao caso tramitava em segredo de justiça.
"Veio a tristeza com a demora em poder falar. Foram muitos anos de angústias enquanto o processo acontecia e que tive que me calar enquanto aguardava que o sigilo do processo caísse. Enquanto tive que ficar quieto para não prejudicar as investigações em andamento, adversários políticos usaram o trecho público desse vídeo para um verdadeiro linchamento moral, politizando o momento e gerando dúvidas sobre a minha conduta".
Emanuel continuou dizendo que as testemunhas do caso afirmam o seu não envolvimento. "Com a liberação do processo, as palavras das testemunhas se tornaram públicas e começou a ficar claro que eu nunca tive envolvimento nesse mar de lama do ex-governador. Agora mais do que nunca posso falar abertamente com você, dado que o inquérito terminou estou esperando que o julgamento se concretize o mais rápido possível para que possa virar essa página da história e seguir em frente".
Durante esses três anos de silêncio, seus adversários, incluindo Abílio Júnior (Pode), que disputa o cargo de prefeito contra Emanuel Pinheiro, exploraram as cenas do caso conhecido como Paletó. O discurso de combate à corrupção montado por Abílio, inclusive, é pautado na cena de Emanuel colocando os maços de dinheiro no bolso. Uma CPI chegou a ser instalada na Câmara Municipal de Cuiabá, no entanto, não culminou na abertura de comissão processante contra o prefeito.
"Não sou um homem de vinganças, nem de rancores, com a justiça feita já me sinto satisfeito. Enquanto ela não chega, o que quero lhe pedir é o seu voto de confiança", pediu o emedebista.
O atual prefeito ainda falou da sua revolta em ver seu nome envolvido em denúncias consideradas por ele infundadas e que tal episódio tentou jogar na "vala comum" todo o trabalho prestado durante a sua carreira política. Pinheiro ainda considerou o fato uma "trama" armada pelo ex-governador.
"Peço que me julgue pelos resultados, pelo que entreguei. Também pelo que ainda tenho condições de entregar. Meu único compromisso é com você", pediu aos eleitores que se dirigirão às urnas no próximo domingo (29) para escolher quem vai gerir a cidade pelos 4 anos vindouros.