Mato Grosso registrou uma média de seis casos de estupro e estupro de vulnerável por dia em 2024, totalizando 2.715 ocorrências, das quais 2.118 envolveram vítimas vulneráveis. Os dados são da 19ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), que também aponta quatro cidades mato-grossenses no ranking dos 50 municípios com mais de 100 mil habitantes com as maiores taxas de estupro do país.
O município de Sorriso, que liderou a lista em 2023, ocupa a segunda posição no ranking de 2024, com uma taxa de 131,9 estupros por 100 mil habitantes. A cidade, conhecida como a Capital Nacional do Agronegócio, figura entre os municípios com os índices mais elevados de violência sexual.
Tangará da Serra apresentou um dos maiores crescimentos no ranking. O município saltou da 45ª posição em 2023 para a 7ª em 2024, registrando uma taxa de 99,5 estupros para cada 100 mil habitantes. O avanço na lista corresponde a um aumento de 67,2% no número absoluto de casos em relação ao ano anterior, colocando a cidade entre as dez com as taxas mais altas do Brasil.
Além de Sorriso e Tangará da Serra, outras duas cidades de Mato Grosso aparecem na lista. Sinop está na 20ª posição, com uma taxa de 81,5, uma subida em relação à 33ª posição que ocupava em 2023. A capital, Cuiabá, figura na 43ª posição do ranking, com uma taxa de 63,7 estupros a cada 100 mil habitantes.
O estudo ressalta a questão da subnotificação como um fator relevante para a análise dos dados. Pesquisadores responsáveis pelo anuário indicam que o número real de casos de estupro no Brasil é superior aos que são oficialmente registrados pelas polícias, pois muitos crimes não chegam ao conhecimento das autoridades.
"Assim, o aumento na quantidade de estupros registrados anualmente pode, em parte, ser interpretado como um aumento na disposição das vítimas (ou de seus responsáveis) em denunciar", aponta a publicação. "No entanto, ainda que um maior nível de notificação possa contribuir para essa elevação, o fato de mais de 87 mil casos serem oficialmente registrados por ano e de 76,8% desse total representar estupros de vulnerável revela a dimensão e a persistência da violência sexual”.