O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou, nesta manhã, por videoconferência, o interrogatório de réus pertencentes aos núcleos 2 e 4 da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a alegada tentativa de golpe de Estado para reverter os resultados das eleições presidenciais de 2022. A informação foi divulgada pelo jornalista André Richter, da Agência Brasil.
Entre os depoimentos de maior destaque, aguardados nesta etapa, estão os de Filipe Martins e Silvinei Vasques, ambos réus do Núcleo 2. Este grupo é acusado de planejar ações que visavam sustentar a permanência ilegítima do ex-presidente no poder. Martins, que atuou como ex-assessor de assuntos internacionais do ex-presidente, é apontado como responsável por apresentar um jurista ao então mandatário para a elaboração da chamada "minuta do golpe", documento que previa a decretação de estado de sítio ou de defesa em 2022.
Já Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), é acusado de ter determinado a realização de blitzes no dia do segundo turno das eleições de 2022. O objetivo, segundo a denúncia, seria barrar o deslocamento de eleitores em rodovias do Nordeste, afetando o processo eleitoral.
Além desses, também serão ouvidos os réus que compõem o Núcleo 4 da denúncia. Este grupo é formado por militares acusados de organizar ações de desinformação, com o propósito de propagar notícias falsas sobre o processo eleitoral e de realizar ataques virtuais contra instituições e autoridades.
Devido à sua condição de réus, os acusados têm o direito de permanecer em silêncio diante das perguntas que lhes forem feitas pelos representantes da PGR e do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito. Até o momento, não há confirmação se o próprio ministro presidirá a audiência ou se a condução será delegada a um juiz auxiliar.
Os réus enfrentam acusações por crimes como organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado por violência e grave ameaça, e deterioração de patrimônio tombado. O interrogatório dos réus é uma das últimas fases da ação penal, e a expectativa é que o julgamento, que decidirá pela condenação ou absolvição dos envolvidos, ocorra no segundo semestre deste ano. O Núcleo 1, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus, foi interrogado no mês passado e tem seu julgamento previsto para setembro.






