A Assembleia Legislativa de Mato Grosso resolveu arquivar a criação de uma comissão que tinha como intuito dar suporte jurídico aos bolsonaristas extremistas presos em Brasília, após participarem de atos de vandalismo no último dia 8 de janeiro, que depredaram as sedes do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal. A decisão foi tomada após recomendação do Ministério Público Estadual.
“Depois da repercussão mais que negativa e de ser notificada pelo Ministério Público, a mesa diretora da Assembleia Legislativa de Mato Grosso arquiva o requerimento e sepulta a tal comissão que iria acompanhar os criminosos presos em Brasília pelos atentados terroristas aos três poderes”, publicou o deputado estadual Lúdio Cabral (PT) em suas redes sociais. Para o parlamentar, a decisão foi “sensata”.
A proposta para criar a comissão foi apresentada pelo deputa estadual Gilberto Cattani (PL), que se autointitula como bolsonarista raiz. Ele argumentou que a medida era necessária uma vez que entre os presos estariam pessoas que não participaram dos atos de vandalismo e que era necessário “fazer justiça e não perseguição política”. A Assembleia faria visitas in loco às prisões e acompanharia os desdobramentos que envolvessem cidadãos de Mato Grosso e do resto do país.
O assunto entrou na pauta da Assembleia na última quarta-feira, quando a proposta da comissão foi aprovada em plenário. Esse acompanhamento ficaria a cargo da Comissão de Direitos Humanos da AL. No entanto, dois dias depois da aprovação, o Legislativo voltou atrás e arquivou a comissão. Cerca de 12 mato-grossenses estão presos. A ação foi coordenada por aqueles que não concordam com a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva ao poder e defendem um golpe de estado.
Em entrevista à imprensa na última quinta-feira, o procurador geral de Justiça de Mato Grosso, José Antônio Borges, afirmou que a utilização de dinheiro público para este fim poderia gerar ações contra a Assembleia Legislativa.
“Causa-me espécie essa intervenção da Assembleia dizendo que vai tomar alguma medida porque lá tem sua autonomia política, judiciária e nós aqui não temos que se meter em nada do que está ocorrendo em Brasília nesse aspecto”, ressaltou Borges.
Por outro lado, o governador em exercício, Otaviano Pivetta (Republicanos), aprovou a ideia da comissão para acompanhar os detidos em Brasília. "Eu acho importante, todo mundo tem direito à assistência. Eu não sei quantos mato-grossenses estão lá, lamento muito que tenha alguns lá no DF. Todos cidadãos têm direito de ser assistidos e a Assembleia toma uma boa decisão”, afirmou.