A partir de eleição do presidente Fernando Collor de Mello em 1989, o marketing político foi introduzido na política brasileira em tempos de eleições. Naquela eleição criou-se um modelo de propaganda desconhecida no Brasil, que deu aos candidatos a cara de um produto de consumo. Collor contratou o marqueteiro Chico Santa Rita, fortemente influenciado pelo marketing recente na eleição nos EUA. Apresentou ao país um super-herói, vestido com camisetas esportivas, olhar duro firme no horizonte, e palavras duras.
Pois bem. Estamos diante do segundo turno nas eleições de prefeito de Cuiabá. O programa eleitoral gratuito, garantido por lei, parece uma prateleira de supermercado. Ideias vendidas em gôndolas com açúcar, sem açúcar, dietéticas, com gordura trans, com álcool e sem álcool. Na prateleira o produto é um. Na vida real é outro para os próximos quatro anos. Rótulos antigos.
Digo isso, porque Cuiabá é uma cidade dupla. Numa, moram 603 mil cidadãos, dos quais 378 mil são eleitores. Tem endereço e pagam IPTU na cidade. Mas tem a outra Cuiabá, a política. Ela é sede do poder político que governa Mato Grosso: governo do Estado, Legislativo, Judiciário, etc.
Na prática isso funciona na forma de prestação de serviços políticos e de apoio aos negócios de todo o Estado. Muitas grandes empresas estão sediadas na capital justamente por isso. O que tem isso a ver com a eleição deste próximo domingo? O futuro de Mato Grosso é cristalino como um grande receptor de investimentos nos próximos anos. Quatro anos perdidos representam uma eternidade. O crescimento do interior refletirá na capital. Ela precisará ser cada vez mais uma cidade moderna e preparada para o mundo dos negócios do futuro próximo.
Aqui encerro. Os programas do horário eleitoral gratuito desta eleição não foram além das prateleiras de um mercadinho de bairro. Desconsiderou-se o futuro da cidade e do Estado. Programas pobres de ideias. Pobres de conteúdo. Pobres de propósitos. Pobre Cuiabá!