Setembro é o mês do coração. A campanha Setembro Vermelho nos lembra da importância de falar sobre as doenças cardiovasculares, que permanecem como a principal causa de mortalidade no Brasil e no mundo. Estima-se que, apenas em nosso país, 400 mil pessoas morram anualmente em decorrência dessas enfermidades — o equivalente a um óbito a cada 90 segundos.
Entre as condições mais prevalentes estão a doença arterial coronariana, responsável por infartos e angina, a hipertensão arterial sistêmica, fator de risco para acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca, além das arritmias e da doença vascular periférica. Muitas vezes silenciosas, essas patologias avançam de forma insidiosa e só se manifestam em estágios mais graves.
Como cardiologista que atua na hemodinâmica, vejo diariamente o impacto dessas doenças. Pacientes chegam à emergência com sintomas como dor torácica, falta de ar ou palpitações — sinais que, por vezes, foram ignorados por semanas ou meses. A intervenção médica em tempo hábil pode salvar vidas, mas não substitui o papel central da prevenção.
E quando falamos em prevenção, nos referimos a dois pilares principais: mudanças de estilo de vida e rastreamento clínico. Alimentação balanceada, prática regular de atividade física, controle do estresse e abandono do tabagismo reduzem significativamente o risco cardiovascular. Já o check-up periódico permite identificar alterações precocemente, como dislipidemias, hipertensão ou alterações no ritmo cardíaco, possibilitando intervenções antes que o problema se torne irreversível.
É importante destacar que as doenças cardiovasculares não afetam apenas homens ou idosos. Mulheres e jovens também estão em risco, especialmente diante de fatores como obesidade, diabetes e sedentarismo. O dado mais recente mostra que quase metade das mortes cardiovasculares no Brasil ocorrem em mulheres, muitas vezes porque não se reconhecem como grupo vulnerável.
Neste Setembro Vermelho, reforçamos a necessidade de olharmos para o coração não apenas quando ele adoece, mas principalmente enquanto está saudável. A prevenção é, sem dúvida, a forma mais eficaz de reduzir a mortalidade e preservar a qualidade de vida da população.
Cuidar do coração é cuidar da vida.