Chapada dos Guimarães não é só curtição e cachoeiras. O murmúrio do vento em suas ruas, em cada uma das suas esquinas, assoviando entre as folhas das árvores molhadas da neblina, conta muitas histórias e muitas curiosidades culturais. E é com base nesta premissa que o presidente da Organização Comunitária da Aldeia (OCA), cineasta, produtor cultural e doutor Luiz Carlos de Oliveira Borges aposta em transformar o bairro em um museu a céu aberto, uma nova rota turística no município.
“O bairro Aldeia Velha é origem do povoamento na região em 1751, quando foi instalada no local uma missão jesuíta da colonização portuguesa”, justifica Luiz Borges, relatando que nos idos dos anos 1980, sob a iniciativa do falecido historiador Jorge Belfort Matos, o vereador Nivaldo Lisboa, apresentou indicação nomeando as ruas do bairro com o nome das etnias dos povos originários que habitaram a região.
Além disto, o cineasta pontua a passagem da expedição russa do barão Langsdorff por Chapada dos Guimarães (1829), que deixou uma rica icnografia dessas etnias, por meio dos desenhos feitos pelos franceses Hercule Florence e Adrian Aimé Taunay. “À época foram enviados os desenhos para o Museu São Petersburgo, na Rússia. E nunca mas voltaram. Tamanhas riquezas históricas se contrapõem ao abandono do bairro e a falta de perspectiva de seus moradores”, acrescentou.
Luiz Borges pensou na construção de um Plano de Desenvolvimento da Aldeia Velha (PDAV), ideia apresentada para a nova diretoria da OCA durante reunião realizada no dia 23 de maio deste ano. Dentro deste plano encontra-se o projeto “Reviva a Aldeia Velha”, cujo objetivo é a intervenção artística nos postes de iluminação do bairro, cujas ruas são denominadas em homenagem aos povos originários. A ideia é pintar os postes com as cores e símbolos das etnias dos povos originários.
Sem pensar a curto prazo, o cineasta confia na execução do PDVA, em fase de finalização de alguns projetos até 10 de julho próximo. O plano prevê a alocação de recursos para o desenvolvimento de projetos para editais federais públicos e privados que possibilitem a elaboração de quatro projetos técnicos indispensáveis para melhor qualidade de vida do bairro e de seus moradores.
Atualmente estão sendo elaborados quatro projetos técnicos considerados por Luiz Borges “indispensáveis para o desenvolvimento autossustentável da Aldeia Velha, que visam o saneamento básico, urbanismo, a proteção das nascentes, a pavimentação das vias públicas e a cultura, a serem desenvolvidos em parcerias, como com a prefeitura do município que já desenvolve atualmente o Plano de Desenvolvimento de Chapada dos Guimarães.
Outros parceiros envolvem, além da inciativa privada, renomadas instituições de ensino e pesquisa de Mato Grosso como as universidades federal (UFMT) e estadual (Unemat), além das secretarias de turismo, cultura e meio ambiente do estado. “Todas estas entidades serão convidadas pela OCA. É indispensável a participação dos moradores e empresários locais, pois a união de todos facilitará pleitear recursos junto aos ministérios ligados ao desenvolvimento das cidades, ao meio ambiente e à cultura. Estes projetos técnicos abrem um horizonte promissor para a melhoria da qualidade de vida na região”, assegura Luiz Borges, para quem a revitalização do bairro é hoje uma missão que depende de cada morador da Aldeia Velha.
“O plano de desenvolvimento da Aldeia Velha reúne um conjunto de ações estratégicas de inclusão social, memória, arte, educação ambiental e incentivo ao turismo de base comunitária. Neste primeiro momento buscamos o engajamento do maior número de moradores e empresas. Os projetos serão melhor detalhados posteriormente, por meio do blog da OCA e de releases encaminhados à imprensa, além de informativo impresso a ser distribuído no bairro”, detalhou o presidente da nova diretoria da OCA, que espera poder dedicar mais tempo para os projetos, uma vez que recentemente conquistou a tão sonhada aposentadoria.
Segundo Luiz Borges, neste momento a Oca está fazendo um chamamento público para os artistas de Chapada dos Guimarães participarem do projeto. Já em um segundo momento, Borges pontua que o PDAV irá ressignificar e democratizar, via arte digital, as imagens dos pintores franceses da Expedição Langsdorff, que passou por Chapada, vão ser usadas para uma nova sinalização das ruas da Aldeia Velha.
Alvaro Lucas dio Amaral 26/06/2024
Parabéns pela iniciativa , numa concepção modera de Plano Diretor , cada bairro da cidade deveria ser comtemplado no mesmo , com seus projetos prioritários ,assegurando uma territorialização do mesmo.
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