A semana começou complicada. O presidente Bolsonaro, em mais um momento de desequilíbrio, decidiu dar um piti e atacar jornalistas de forma grosseira, ofensiva. Bolsonaro, na verdade passa por um momento tenso com as revelações e o desgaste provocado pela CPI da COVID, pela vertiginosa queda de popularidade e pela mobilização que vem levando às ruas milhares de oposicionistas.
A fragilidade momentânea do bolsonarismo é decorrente das atitudes, ações e omissões do próprio presidente, principalmente no que se refere ao combate da pandemia, que alcançou 500 mil mortes no último final de semana. E o número de mortes segue avançando enquanto apenas 30% da população tomou a primeira dose da vacina.
Seguem as mortes, segue a linha negacionista adotada por Bolsonaro desde o início da crise, segue a defesa insustentável de um tratamento precoce por medicamentos que não fazem qualquer efeito na luta contra a Covid – embora os bolsonaristas insistam que remédio contra parasita elimina vírus. E segue, principalmente, o combate ao uso regular de máscaras e às aglomerações que só fazem ampliar os números do contágio mortal.
A esperança dos que defendem Bolsonaro é que a economia melhore, que a vacinação ainda lenta possa imunizar a tempo os mais de 160 milhões de brasileiros que ainda não foram vacinados. Com isso e com a polarização da disputa eleitoral com a candidatura de Lula o presidente possa reverter o quadro negativo pelo qual passa neste momento.
Não bastasse a crise sanitária e política, o governo de Bolsonaro não consegue cumprir Importantes promessas de campanha, como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda. O prometido era isentar quem ganha até cinco salários mínimos, mas o projeto que deve ser levado ao Congresso deve fixar isenção para cerca de dois salários mínimos.
As medidas da reforma tributária e do IR até agora não demonstraram redução da carga tributária, ao contrário, já se observa aumento de impostos e a possibilidade de volta da famigerada CPMF disfarçada sobre outra sigla e sem qualquer contrapartida que represente alívio para empresários e trabalhadores.
Bolsonaro, aliás, hoje admitiu que é um grande milagre. Disse que “foi um milagre ter sido eleito”, um milagre “ter sobrevivido à facada” que impulsionou sua campanha e que é “um milagre que ainda continue presidente”. Uma bela auto crítica depois do piti de ontem.