BLOG DO MAURO Sábado, 11 de Julho de 2020, 10:26 - A | A

Sábado, 11 de Julho de 2020, 10h:26 - A | A

MEIO AMBIENTE

Bolsonaro ou Mourão? O Brasil será protagonista do debate ambiental?

Mauro Camargo
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Não são apenas governos e investidores estrangeiros que cobram do governo brasileiro uma atitude mais firme na defesa do Meio Ambiente, em especial o cumprimento do Código Florestal e o combate ao desmatamento ilegal. O empresariado do Brasil – banqueiros, industriais, os gigantes do agronegócio, entre outros setores importantes da economia nacional não aceitam retrocessos, ao contrário, querem mais avanços na preservação dos recursos naturais do País

Esse movimento pró-Meio Ambiente, de defesa da floresta, não é coisa de ambientalista bicho-grilo, ou de ONGs bancadas com recursos estrangeiros e cuja militância é combatida pelos discursos paranoicos fomentados por ideólogos extremistas, seja de esquerda, seja de direita.

A defesa da floresta, da preservação dos recursos naturais, da sustentabilidade, do combate ao desperdício, das políticas urbanas de ocupação racional do solo e de controle de resíduos poluidores de qualquer natureza tem, mais do que o fator ambiental em si, o interesse econômico.

O empresariado brasileiro, sejam industriais das grandes metrópoles, sejam produtores rurais ou agroindustriais dos confins do Brasil, querem o País alinhado com uma política econômica “verde”, ecologicamente alinhada com os grandes mercados internacionais. É uma questão de sobrevivência econômica, mais do que de consciência ambiental.

É nessa medida que as reuniões mantidas pelo vice-presidente Hamilton Mourão, na quinta (8) e na sexta (9) com investidores internacionais e com empresários nacionais, ganharam relevância, porque o governo mudou o discurso e assumiu compromisso de manter o Brasil na linha da preservação e combate das ilegalidades ambientais.

Antes disso, e bem representado pelo ainda ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o governo brasileiro vinha se omitindo no dever de enfrentar os crimes ambientais. Na contramão do interesse ambiental e econômico, o governo Bolsonaro buscava flexibilizar legislação, afrouxar fiscalização, fazer ouvidos moucos para denúncias e tratar no campo ideológico as críticas internacionais à ausência de compromisso com a preservação.

O discurso mudou. Não é muito, mas já é um sinal de que pode não prevalecer a geopolítica bolsonarista, essa cegueira ideológica que elegeu os Estados Unidos (nosso maior concorrente comercial) como aliado incondicional, e a China, nosso maior parceiro comercial como inimigo.

Sobre os efeitos do desmatamento na Amazônia, nos negócios e na economia brasileira, segundo informação do jornal O Estado de S. Paulo, em matéria distribuída pelo Estadão Conteúdo, “empresas de agronegócio relataram que a soja brasileira começa a enfrentar boicotes em alguns países, por exemplo. A saída dos fundos de investimento também tem potencial de causar danos nos financiamentos às empresas privadas de maneira geral”.

Além de pedirem rigor na aplicação do Código Florestal Brasileiro, os empresários sugeriram ações ao vice-presidente “como assumir o controle do rastreamento de todo o gado” produzido no Brasil.

Iniciativas de preservação e combate à destruição ambiental e medidas de fortalecimento da economia verde são o que permeiam o pensamento empresarial no Brasil de hoje. Em nota depois do encontro, o presidente da Cargil, Paulo Souza, defendeu a "aplicação integral das normas aplicadas no código florestal", assim como "ações claras de comando e controle contra o que foge ao que é ditado pelo código". E reforçou seu compromisso em transformar as cadeias de suprimentos que abastecem a companhia para que não haja desmatamento.

Ainda segundo informações do Estadão Conteúdo, o presidente da Suzano, Walter Schalka, reforçou “a necessidade de dialogarmos e construirmos juntos, entes públicos, iniciativa privada e sociedade em geral, um caminho que permita ao Brasil assumir um papel de protagonismo nas discussões ambientais globais.”

O recado está dado: o Meio Ambiente no Brasil precisa ser tratado com políticas públicas sérias, compromissadas com a preservação e boas práticas, porque desse ambiente equilibrado e saudável dependem a produção de alimentos – carro-chefe da economia brasileira – e os negócios das empresas brasileiras no mundo todo. E o Brasil, como bem frisou Walter Schalka, deve ser protagonista das discussões ambientais globais.

Não é pouca coisa, mas pode (e deve) ser feito!

 

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