Além das graves denúncias que pairam sobre o governo do presidente Bolsonaro e que estão sendo apuradas pela CPI da Covid, incluindo pedido de propina na compra de vacinas, agora o UOL revelou em série de reportagens da colunista Juliana Dal Piva e que serão apresentadas nesta terça em formato de podcast, que o presidente seria o verdadeiro comandante das rachadinhas, um esquema montado no próprio gabinete enquanto era deputado federal, e nos gabinetes dos filhos Flávio e Eduardo Bolsonaro, na Assembléia e na Câmara do Rio.
Gravações mostram a ex-cunhada, Andrea Siqueira Valle, revelando detalhes do esquema criminoso que consistia em empregar familiares que eram obrigados a devolver a maior parte de seus salários como assessores dos gabinetes da família Bolsonaro.
Esse esquema de rachadinha se enquadra como peculato, que é, em síntese, apropriar-se indevidamente de dinheiro público. É corrupção.
Essa denúncia, ainda que seja provada, não serve para atingir Jair Bolsonaro como presidente da República, isto é, não pode ser usada para processar Bolsonaro enquanto ele estiver no mandato. Presidente só pode ser processado por crime cometido durante o mandato, como são os fatos investigados pela CPI da Covid em que Jair Bolsonaro pode responder por crime de responsabilidade.
O problema dessa denúncia é o efeito político e eleitoral. Bolsonaro já vem experimentando um enorme desgaste político com a corrupção sugerida no caso da propina na compra de vacinas. Seu envolvimento direto com o caso das rachadinhas, derruba ainda mais o discurso que o elegeu em 2018, de combate à corrupção.
Enfim, em que pese a legião bolsonarista que se mantém fanaticamente fiel ao líder da direita no Brasil, já se verifica um contingente considerável de eleitores arrependidos, segundo mostram as pesquisas.
Bolsonaro vai ter que se reinventar para reverter esse quadro negativo se quiser chegar como favorito nas eleições do próximo ano.
E por falar em pesquisa a CNT/MDA divulgou nesta segunda pesquisa mostrando drástico aumento na reprovação do presidente: 48,2% dos brasileiros consideram o governo ruim ou péssimo, segundo o levantamento. Na pesquisa anterior, em fevereiro, a avaliação negativa estava em 35,5%.