Assim como há tantas palavras vazias, livres de sentimentos, há silêncios reveladores, capazes de contar histórias inteiras. Respostas ao tempo. Segredos que tentamos, em vão, apagar da mente e esconder do próprio coração.
O que guardamos para nós sempre é mais intenso e verdadeiro do que aquilo que revelamos ao mundo.
São pensamentos forjados na escuridão e na solitude, longas narrativas para ninguém, dolorosamente sinceras.
Vivem num lugar seguro, um abrigo, protegidos dos olhos e julgamentos alheios, onde também moram os sonhos não realizados, os desejos inconfessáveis, as intuições certeiras.
Um templo de estreitas portas e amplas janelas, onde fazemos preces e honramos tudo aquilo que um dia significou tanto e hoje são apenas fragmentos: amizades rompidas, afetos abandonados, a parte mais quebrada de nós, que divide espaço com as lembranças mais preciosas.
Ali também ficam nossos medos e demônios, nossas dores, que revisitamos de tempos em tempos para tratar com cuidado de suas cicatrizes.
É onde buscamos forças quando tudo parece não ter sentido algum, quando precisamos de respostas ou isolamento, quando todo o resto parece ruidoso e confuso demais. Onde buscamos paz para o espírito inquieto, colo, aceitação.
Um universo tão belo quanto triste, do qual só podemos oferecer vislumbres a quem ousar se aproximar.