CONTEMPORANEIDADES Domingo, 20 de Setembro de 2020, 09:04 - A | A

Domingo, 20 de Setembro de 2020, 09h:04 - A | A

GINA COELHO

Uma Carta às Mães Possíveis

Gina Coelho

Uma mulher dedicada a Psicologia e a Educação Parental , apaixonada por famílias e empoderar pessoas. @psicologaginacoelho

O artigo dessa semana quis fazer diferente, trouxe para vocês, uma Carta, de uma jovem mãe para outras mães, como uma forma de amor por todas as mamães, que vivem esse dia a dia Materno nada fácil, mas sempre transformador.

Lembre-se : Ser mãe é uma ato político!

De Amanda Bacarin, para todas as mamães:

Até para ser mãe, é preciso escolher um fio condutor, uma linha, uma ponta de fita a que se seguir.

Algumas escolhem por eco, eco de lembranças de sua infância, outras escolhem por aversão aos ecos de sua infância. Eu escolhi por uma mistura de eco e ciência. Tive a sorte de ser apresentada à “gentileza e firmeza”, bem em casa pela minha mãe.

Anos praticando “gentileza e firmeza” com Luna e Lisa, mas confesso que a palavra gentileza nunca assentou em meu coração.

Os meus ecos de menina sempre me fizeram entender que deveria ser gentil, mas entendia gentileza por educação, graça, civilidade, polidez, suavidade.

Em todas as pontas de faca em que me pediam “gentileza e firmeza”, e as dei com coração aberto às meninas, e delas eu sai entendo mais de mim do que delas.

Há pouco entendi por definitivo que gentiliza em nada tem a ver com suas semelhantes, gentileza é ternura, gentileza é acolhimento, gentileza é não julgamento. Por isso ser gentil é tão poderoso e cura. Gentileza não gera gentileza, gentileza gera cura. Não há como acolher sem antes se acolher, não há como não julgar sem antes se perdoar.

Ser mãe é o ato de me tornar gentil todos os dias. Se antes eu sentia carregar o mundo nas costas e sentia o peso da culpa, da comparação, do medo e da ansiedade em meus ombros, foi sendo gentil com as minhas filhas, que eu fui sendo gentil comigo.

Em uma sociedade machista, quando nasce uma mãe, nascem mil culpas. Quando nasce uma mãe nasce um alvo. Aprendemos logo a nos comparar, a comparar nossos filhos, nossos erros e acertos, aprendemos logo a competir quem da mais conta do que em cima do salto, entre críticas e autocríticas, sentimos que cada vez damos conta de menos, e nos distanciamos umas das outras. A cada falha que nos é apontada, nós severamente nos criticamos, nos afastamos de nós mesmas, de nossos trabalhos, de nossos relacionamentos, de nossos filhos, e assim ocupamos menos espaço no mundo.

Quando criança eu não sabia muito certo o que eu queria ser, pois queria ser muitas coisas e não achava um nome para isso, mas dentre todas elas o meu maior desejo era mudar o mundo. Quando nova eu também não queria ser mãe, afinal como ser mãe e mudar o mundo?

Hoje, gentilmente acolhendo minha adolescente eu pergunto a ela: como mudar o mundo sem ser mãe?

Ser mãe é um ato politico, é talvez a maior força que iremos experimentar, mas toda essa força se esvairá em frigidez, em remorso e rancor se GENTILMENTE não nos acolhermos como mães, mulheres e imperfeitas. Se gentilmente não aceitarmos todas as mudanças que a maternidade nos traz, se gentilmente não dissermos NÃO a tudo aquilo e aqueles que não nos fazem mais sentido. Se gentilmente não nos colocarmos politicamente diante de nossas necessidades.

A gentileza com nossos filhos gera gentileza conosco. Gentileza é compaixão, por isso é politico e forte.

Juntas, podemos nos perdoar. Apossarmo-nos de nossas forças. Assim resolveremos problemas e ocuparemos espaços, que antes não nos sentimos capazes.

Como mudar o mundo sem ser mãe? Como mudar o mundo sem ser mulher? Como mudar o mundo sem educar uma criança?



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