O Brasil vive uma onda neofacista, que do ponto de vista institucional, foi barrada com a vitória em segundo turno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A afirmação é do doutor em História Contemporânea, professor da UFMT, Rodrigo Almeida, entrevistado do Papo com Ela no último dia 13 de novembro.
O pesquisador aponta que várias características denunciam a ascensão do neofascismo. Entre elas o ataque sistemático às instituições. Não há um desmonte, mas adota-se um comportamento que visa enfraquecer os demais poderes. Esse comportamento pode ser verificado tanto no Brasil, com o governo de Jair Bolsonaro, como nos Estados Unidos, na gestão de Donald Trump.
“Do Trump, do Jair Messias Bolsonaro são governos neofascistas justamente porque eles atacam as instituições do estado democrático de direito, mas dentro do estado democrático de direito. O Nazismo e o Fascismo eles destruíram o estado democrático de direito. Então, essa é a grande peculiaridade”, explica o professor.
Outra característica é não aceitar o resultado das eleições. Foi assim com a invasão do Capitólio, quando da derrota de Trump. E está sendo assim no Brasil, com estradas fechadas, pedido de intervenção militar e agora atos de vandalismo, com caminhões sendo incendiados.
“São claramente atitudes fascistas. Impedem o direito do cidadão de ir e vir, não aceita o resultado democrático das urnas. Quer dizer, se aceitou no primeiro momento quando o presidente Jair Bolsonaro foi eleito e agora no segundo momento não aceita. Qual seria o critério? O critério é claro, infelizmente. A gente vai ter que lidar com isso, vai ter que encontrar formas para resistir, para combater uma série de comportamentos, de atitudes, de pensamentos neofascistas de extrema direita”, ponderou.
O professor ainda destaca que é importante salientar que o fascismo ou neofascismo é um movimento considerado de extrema direita e não de direita. Rodrigo acentua que essa emergência ocorreu em virtude da crise econômica de 2008, sentida primeiramente nos Estados Unidos. Os impactos desse momento desaguaram no Brasil em 2013. Logo, ele considera que o neofascismo não é limitado e pode ganhar força num novo cenário de crise.
Embora a eleição de Lula tenha barrado o avanço do neofascismo do ponto de vista institucional, uma vez que o resultado das urnas foi referendado, as ideias não morrem e podem ressurgir sustentadas pela classe média.
Assista à entrevista na íntegra: