NOTICIÁRIO Segunda-feira, 13 de Outubro de 2025, 15:08 - A | A

Segunda-feira, 13 de Outubro de 2025, 15h:08 - A | A

ELEIÇÕES 2026

Wellington Fagundes confirma pré-candidatura ao governo e detalha articulações políticas

Da Redação

O senador Wellington Fagundes (PL) detalhou o cenário de sua pré-candidatura ao Governo de Mato Grosso, as articulações internas de seu partido e sua posição sobre temas cruciais para o estado e para o país. Durante a conversa, Fagundes afirmou que sua candidatura "foi se consolidando" com o tempo e que se sente "muito mais convicto" de disputar o cargo, impulsionado pelo apelo de eleitores em suas visitas aos municípios. Ele também abordou a dinâmica de poder dentro do PL, as relações com outros partidos, como o MDB e o União Brasil, e defendeu seu legado de trabalho como principal credencial para governar.

As declarações foram dadas em entrevista concedida na manhã desta segunda-feira (13) aos jornalistas Antero Paes de Barros e Michely Figueiredo, no programa Jornal da Cultura, da rádio Cultura FM – 90,7.

Confrontado com uma declaração recente do presidente estadual do PL, Ananias Filho, que afirmou que apenas a pré-candidatura de Medeiros ao Senado estava definida, enquanto a de Fagundes ao governo estaria "em construção", o senador minimizou a aparente contradição. Ele explicou que o compromisso com Medeiros é antigo, datando de eleições anteriores, o que justificaria a confirmação de seu nome. Sobre sua própria postulação, Fagundes argumentou que ela se fortaleceu organicamente. "Eu sempre disse, lá no começo, que o partido estava aberto. [...] O tempo foi passando e a minha candidatura foi se consolidando. Eu tenho visitado todas as cidades, vou às localidades, e as pessoas me pedem para ser candidato e dizem: ‘Ó, chegou o seu momento’", relatou. Para ele, o apoio popular é a "melhor pesquisa" e um indicativo de que o PL, por sua grandeza, "tem que ter um candidato a governador".

Wellington Fagundes também ressaltou a importância estratégica de uma candidatura majoritária para fortalecer as chapas proporcionais, lembrando o sucesso da aliança de 2022, que reelegeu o governador Mauro Mendes (União) e ele próprio ao Senado, além de garantir uma bancada de quatro deputados federais para o PL. Ele revelou que, à época, o ex-presidente Bolsonaro defendia sua candidatura ao governo, mas ele e Valdemar da Costa Neto trabalharam para convencê-lo de que a coligação com Mendes era "o melhor caminho". O resultado, segundo ele, comprovou a tese: "O presidente Bolsonaro foi o segundo mais votado do Brasil aqui [...]. O Mauro foi reeleito no primeiro turno e eu fui reeleito o segundo mais votado proporcionalmente do Brasil".

Fagundes explicou que a estrutura de decisão do PL segue uma hierarquia clara, estabelecida pelo presidente nacional da sigla, Valdemar da Costa Neto. 

A indicação para as vagas ao Senado teria como principal critério a "opinião primeira do presidente Bolsonaro", enquanto a montagem das chapas para governador, deputado federal e estadual ficaria a cargo da direção nacional em conjunto com as lideranças locais. Dentro dessa estrutura, confirmou o cenário atual do partido em Mato Grosso: "Wellington Fagundes, pré-candidato a governador, e Medeiros com outra vaga, como pré-candidato a senador".

Articulações, alianças e divergências

Um dos pontos centrais da entrevista foi a complexa teia de alianças políticas. Questionado sobre a possibilidade de uma aliança com o MDB, que enfrenta resistência de prefeitos do PL como Abílio Brunini (Cuiabá), Flávia Moretti (Várzea Grande), Sérgio Machnic (Primavera do Leste) e Cláudio Ferreira (Rondonópolis), Fagundes adotou um tom diplomático. Ele afirmou que a orientação nacional do partido é "buscar os partidos de centro-direita", mas lembrou que "em São Paulo, por exemplo, o PL é coligado com o MDB". O senador explicou sua presença em eventos do MDB e do Progressistas, como a posse da deputada Janaína Riva na presidência do MDB e a filiação da senadora Margareth Buzetti ao PP, como uma representação institucional a pedido de Valdemar da Costa Neto, e não como um aceno para coligações. "Não foi para falar em coligação, não tem em momento algum uma declaração minha sobre coligação", frisou.

O senador defendeu uma política baseada no respeito, sem ataques pessoais, destacando sua boa relação com lideranças de diferentes espectros. "Eu não sou homem de briga, eu sou homem de luta", disse, citando como exemplo o jantar de despedida que organizou a pedido do ex-deputado federal Homero Pereira, pouco antes de seu falecimento, como um símbolo de convivência harmoniosa entre adversários políticos. 

Sobre a resistência de prefeitos do PL a uma aliança com o MDB, Fagundes disse não ter ouvido reclamações diretas, mas reconheceu que lideranças do partido foram a Brasília manifestar essa posição. Ele revelou uma conversa recente com o prefeito de Cuiabá: "Na quinta-feira agora, o Abílio foi muito claro: ‘Wellington, eu vou apoiar o candidato do PL’". Sobre a possibilidade de o vice-governador Otaviano Pivetta se filiar ao PL a convite de Abílio para disputar a indicação, Fagundes foi pragmático: "Se qualquer pessoa vier para o PL e amanhã se colocar como candidato, é natural. Só que aí vai ser definido o candidato lá na frente. Quem for o melhor, será o candidato".

Trajetória e a justificativa para governar

Em resposta a um ouvinte que questionou se ele estaria preparado para o Executivo e se não repetiria a trajetória de Pedro Taques, cuja gestão foi marcada por crises, Wellington Fagundes fez uma longa defesa de sua biografia e experiência. "Eu aprendi a minha vida forjado no trabalho", afirmou, narrando sua jornada desde a infância, passando pela formação em Veterinária na UFMT, a presidência da Associação Comercial de Rondonópolis e a atuação como secretário de Planejamento. Listou seus seis mandatos como deputado federal e os dois como senador, ressaltando ter sido o deputado mais votado da história de Mato Grosso e um dos senadores mais bem votados do Brasil. "A minha presença foi de ser sempre um parlamentar municipalista, presente em todos os municípios, porque é no município que as pessoas vivem e convivem", declarou.

Fagundes argumentou que sua vasta experiência legislativa e seu conhecimento profundo dos problemas dos municípios o qualificam para ser um "governador melhor que o Mauro". Elogiou a gestão atual, especialmente na infraestrutura, mas apontou áreas que, em sua visão, precisam avançar. "O estado de Mato Grosso enriqueceu muito, mas agora nós precisamos avançar em algumas áreas. Área de segurança, precisa contratar os concursados. O servidor público tem, sim, uma necessidade de uma melhor relação", pontuou. Questionado sobre o pagamento da Revisão Geral Anual (RGA), ele foi enfático: "O acumulado tem que ser pago também porque é dívida. Agora, como pagar esse acumulado, tem que ser escalonado".

Para sustentar sua capacidade de articulação, o senador citou uma série de projetos e recursos que ajudou a viabilizar para Mato Grosso, como a duplicação da BR-163, a criação da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), a expansão do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), a renovação dos equipamentos da Polícia Rodoviária Federal e a instalação de usinas fotovoltaicas na UFR e no 18º GAC. Ele também destacou seu papel na aprovação do novo marco regulatório das ferrovias e na recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que destravou o projeto da Ferrogrão.

Pautas de Mato Grosso e do Brasil

Durante a entrevista, Fagundes se posicionou sobre debates importantes. Ao discutir a recém-aprovada Lei do Pantanal, ele defendeu a criação de uma "política de Estado, não de governo" para o bioma, que seja perene e independente de quem esteja no poder. 

Criticou o abandono do Pantanal após a devolução de recursos do programa BID Pantanal, durante o governo de Blairo Maggi, e defendeu que o homem pantaneiro seja valorizado. Sobre a polêmica lei do "Transporte Zero", que restringe a pesca nos rios do estado, o senador adotou uma postura cautelosa. Em resposta a um ouvinte filho de pescador, ele afirmou que a questão da piscicultura "tem que ser um estudo muito, muito profundo" e prometeu, caso eleito, buscar soluções com base na ciência, envolvendo a Embrapa e o recém-criado Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal. "Eu vou ser um governador humano. Quero ser um governador para olhar para as pessoas. Com alma", prometeu.

No cenário nacional, Fagundes expressou forte oposição à Reforma Tributária aprovada. "Essa reforma tributária que está aí, ela será muito ruim para Mato Grosso", argumentou, citando o histórico de não cumprimento do governo federal com o FEX, fundo de compensação da Lei Kandir. 

Fagundes teme que o novo fundo de compensação previsto na reforma tenha o mesmo destino. O senador também foi questionado sobre a "PEC da bandidagem". Ele explicou que o projeto foi desvirtuado na Câmara dos Deputados com a inclusão do voto secreto para autorizar processos, o que o tornou "absurdo" e levou à sua derrubada no Senado. 

Sobre a taxação de plataformas de apostas online, as "bets", sua posição foi clara: "Tem que taxar, inclusive essa questão da jogatina desenfreada". Ele se mostrou preocupado com o impacto social do vício em jogos, que, segundo ele, representa uma "destruição da família". 

Ao ser perguntado sobre o aumento do Fundo Eleitoral para cinco bilhões de reais, declarou ser contra, defendendo que, embora o financiamento público busque a igualdade de condições, a partilha dos recursos ainda é desigual e concentrada nas cúpulas partidárias.

 Anistia a Bolsonaro

O senador contextualizou o momento político do Partido Liberal. Segundo ele, o foco nacional da sigla é reverter a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. "Nós entendemos que o presidente Bolsonaro ainda é o nosso candidato. Faremos tudo para que possamos aprovar a anistia e ele ser o nosso candidato a presidente", declarou. 

 



Comente esta notícia

Nossa República é editado pela Newspaper Reporter Comunicação Eireli Ltda, com sede fiscal
na Av. F, 344, Sala 301, Jardim Aclimação, Cuiabá. Distribuição de Conteúdo: Cuiabá, Chapada dos Guimarães, Campo Verde, Nova Brasilândia e Primavera do Leste, CEP 78050-242

Redação: Avenida Rio da Casca, 525, Bom Clima, Chapada dos Guimarães (MT) Comercial: Av. Historiador Rubens de Mendonça, nº 2000, 12º andar, sala 1206, Centro Empresarial Cuiabá

[email protected]/[email protected]

icon-facebook-red.png icon-youtube-red.png icon-instagram-red.png icon-twitter-white.png