NOTICIÁRIO Sexta-feira, 18 de Dezembro de 2020, 18:26 - A | A

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ROTINEIRO

Há um ano, Isa Penna já relatava assédio na Alesp

Estadão Conteúdo

Formada em direito e filha de fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), Isa Penna (PSOL) foi da militância feminista para o cargo de deputada estadual na Assembleia Legislativa de São Paulo em 2018. Antes de ter sido alvo de assédio por parte do deputado Fernando Cury (Cidadania) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), que se aproximou e colocou a mão nos seus seios no Plenário, Isa Penna, de 29 anos, já foi chamada de "vagabunda", "vadia" e de "terrorista" enquanto era vereadora em São Paulo. Ela contou mais sobre os casos em participação na minissérie de podcasts do Estadão Política Sub30, publicada em dezembro de 2019.

"É uma luta diária lidar com pessoas que são muito poderosas, é um assédio muito grande, em especial com essa nova bancada da extrema direita. Vários deles acham que eu estou lá porque eu dormi com alguém, e não por uma luta, por uma trajetória", afirmou, dizendo que a maior parte dos embates ocorre fora dos microfones e, portanto, não têm registro.

Isa Penna diz que o momento atual pede mais mulheres na política e uma plataforma que priorize as mulheres e a juventude. "A gente tem muito a ideia de que quem faz política é aquele homem mais velho, branco, heterossexual. E a gente vem de um outro lugar. A nossa presença se destaca muito porque eu sou jovem, porque sou mulher".

Amante de poesia, Isa já declamou no Plenário, em 2019, "Sou puta, sou mulher", de Helena Ferreira, que trata, entre outras coisas, da figura feminina diante de uma sociedade na qual o patriarcado é predominante. E foi duramente criticada. Além de ter a fala interrompida por diversas vezes, teve um pedido de cassação de mandato por quebra de decoro parlamentar.

O caso

A deputada registrou um boletim de ocorrência na quinta-feira (17) contra Fernando Cury por assédio sexual durante sessão plenária da noite de quarta-feira. O vídeo do caso foi transmitido ao vivo pelo canal Alesp no YouTube.

Nele, a parlamentar aparece conversando com o presidente da Casa Cauê Macris (PSDB), quando Cury se aproxima e se posiciona atrás da deputada, colocando a mão na lateral de seus seios. Em seguida, Isa empurra o deputado para afastá-lo de seu corpo.

"Ontem, aqui nessa Casa, na frente da sua Mesa, eu fui assediada. Eu fui apalpada na lateral do meu corpo pelo deputado Fernando Cury, do partido Cidadania", relatou Isa em sessão no dia seguinte. "Não é um caso isolado. A gente vê a violência política e institucional a todo momento contra as mulheres. O que dá o direito a alguém de encostar em uma parte do meu corpo íntima?", discursou.

O deputado Fernando Cury disse que está "muito constrangido" e "triste" pelo "julgamento feito" no plenário. "Gostaria de frisar que não houve, de forma alguma, tentativa de assédio, de importunação sexual ou qualquer outra coisa", disse ele. O deputado se desculpou pelo que chamou de "abraço" e disse que faz isso "com diversas colegas" da Casa.

Cidadania afasta deputado Fernando Cury

O Cidadania anunciou nesta sexta-feira (18) o afastamento de Fernando Cury. Segundo documento assinado pelo presidente nacional do partido, Roberto Freire, Cury ficará afastado até a conclusão do procedimento disciplinar no âmbito partidário.

"O Deputado Estadual Fernando Cury fica liminarmente afastado de todas as funções diretivas partidárias, em todas as instâncias, bem como de todas as funções exercidas em nome do Cidadania, inclusive junto à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo" diz o documento.

 

Enojada

A deputada estadual Isa Penna (PSOL) disse que se sente "enojada" pelo assédio que sofreu na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e declarou, em entrevista à CNN Brasil, que episódios como esse são "cotidianos" no Parlamento. 

A deputada disse que o assédio é uma "constante" nos espaços políticos de poder. "Esses homens têm uma vivência de como se fossem deuses, autoridades inatingíveis pelo povo", declarou. Ao contrário do que argumenta o parlamentar, ela disse que não considera o ato um abraço e que sequer sabia o nome de Cury. "Não foi um abraço porque eu senti a mão dele. Ele pegou no peito."

A deputada registrou um boletim de ocorrência contra Cury e também entrou com uma representação. No entanto, ela diz não esperar muito da Alesp. "Nunca vi um deputado sequer sofrer uma sanção", contou Isa, que já foi vítima de assédio outras vezes. "O espaço do parlamento é um espaço absolutamente violento. O assédio cotidiano", afirmou.

Após a repercussão do caso, o Cidadania, partido de Cury, afirmou que acionará o Conselho de Ética da legenda para apurar o caso e cobrou "as devidas explicações do parlamentar". A nota foi assinada pelos presidentes estadual e nacional da legenda, Arnaldo Jardim e Roberto Freire, respectivamente.

Fernando Cury afirmou durante a sessão desta quinta-feira (17) que está "constrangido" e "triste" e se desculpou pelo que chamou de "abraço". "Eu nunca ia fazer isso na frente de 100 deputados", alegou.



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