INTERNACIONAL
Lula e Xi discutem cooperação e multilateralismo em ligação de uma hora
Em ligação telefônica de uma hora, Lula e Xi trataram de cooperação econômica, multilateralismo e COP30, diante da elevação de tarifas dos EUA. Conversa abordou comércio, guerra Rússia-Ucrânia e venda de pés de frango, segundo Andreia Verdélio, da Agência Brasil.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou por telefone com o presidente da China, Xi Jinping, na noite de segunda-feira (11), por cerca de uma hora, para tratar de cooperação bilateral e temas da agenda internacional. As informações são da jornalista Andreia Verdélio, publicadas pela Agência Brasil.
Segundo a Xinhua, Xi Jinping afirmou que a China quer estabelecer um exemplo de “unidade e autossuficiência” entre países do Sul Global e “construir conjuntamente um mundo mais justo e um planeta mais sustentável”. De acordo com a agência chinesa, o líder “conclamou todos os países a se unirem e se oporem resolutamente ao unilateralismo e ao protecionismo”.
Os dois presidentes concordaram sobre o papel do G20 e do Brics na defesa do multilateralismo e na construção de consensos no Sul Global, informou a Agência Brasil com base em nota oficial e na Xinhua.
Ainda segundo a Xinhua, “Xi disse que a China apoia o povo brasileiro na defesa de sua soberania nacional e apoia o Brasil na salvaguarda de seus direitos e interesses legítimos”. A reportagem também registrou o apelo do líder chinês para que países do Sul Global “salvaguardem conjuntamente a equidade e a justiça na comunidade internacional”.
A China é o maior parceiro comercial do Brasil, e os dois países mantêm uma Parceria Estratégica Global. Conforme a nota da Presidência, os líderes “saudaram os avanços já alcançados no âmbito das sinergias entre os programas nacionais de desenvolvimento dos dois países”.
De acordo com o comunicado brasileiro, Lula e Xi “comprometeram-se a ampliar o escopo da cooperação para setores como saúde, petróleo e gás, economia digital e satélites”. As equipes seguirão identificando novas oportunidades de negócios entre as duas economias.
O contexto da conversa incluiu a elevação de tarifas comerciais pelos Estados Unidos. Em abril, o governo norte-americano anunciou medidas tarifárias vinculadas aos saldos comerciais bilaterais e aplicou taxa de 10% ao Brasil. Em julho, a tarifa foi elevada para 50%.
Segundo a Agência Brasil, a elevação a 50% foi apresentada como reação a decisões que, segundo a Casa Branca, impactariam empresas de tecnologia, e em resposta a desdobramentos judiciais no Brasil. As novas tarifas entraram em vigor em 6 de agosto e atingem 35,9% das mercadorias brasileiras destinadas ao mercado norte-americano, o equivalente a 4% das exportações do país.
O governo federal finaliza um plano de contingência para apoiar setores afetados pelas tarifas, com medidas de concessão de crédito a empresas impactadas e incremento de compras governamentais, informou a publicação.
A política de comércio exterior busca a abertura de novos mercados. Em declaração recente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que as exportações brasileiras para os Estados Unidos “já representaram 25%” do total e “hoje correspondem a 12%”.
Na área agropecuária, Lula relatou que a interlocução com Xi também tratou da venda de pés de frango ao mercado chinês, após a retomada do status sanitário relacionado à gripe aviária. A China havia suspendido importações em razão de focos da doença no Brasil.
Durante a chamada, os líderes trocaram impressões sobre a conjuntura internacional e os esforços para a paz entre Rússia e Ucrânia, conflito que ultrapassa três anos, segundo a Agência Brasil.
Lula reforçou a importância da participação chinesa na 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro, em Belém (PA). O encontro é prioridade na agenda climática brasileira.
Em nota oficial, a Presidência registrou: “O presidente Xi indicou que a China estará representada em Belém por delegação de alto nível e que vai trabalhar com o Brasil para o êxito da conferência”.
A conversa reafirmou o caráter estratégico da relação bilateral e a disposição de ambos os governos de ampliar cooperação em frentes econômicas e tecnológicas, mantendo a coordenação em fóruns multilaterais.
Segundo a Agência Brasil, a pauta comercial permanece central na relação Brasil-China, e a identificação de novas oportunidades será conduzida pelas áreas técnicas dos dois países.
O diálogo também contemplou aspectos de governança global, com ênfase no papel do G20 e do Brics como espaços de coordenação entre economias emergentes e desenvolvidas.
Em relação às tarifas norte-americanas, o governo brasileiro acompanha os impactos sobre cadeias produtivas e prepara medidas de mitigação, conforme antecipado pela Agência Brasil.
A orientação dos dois lados é manter canais de alto nível para tratar de comércio, investimentos e temas setoriais, além de coordenação em eventos internacionais, incluindo a COP30.
A Agência Brasil informou que as equipes diplomáticas e econômicas seguirão em contato para detalhar as iniciativas discutidas na ligação e o cronograma de trabalho conjunto.