O presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou nesta segunda-feira (27) um otimismo em relação à suspensão das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil. As informações foram publicadas pela jornalista Mariana Tokarnia, da Agência Brasil. Um acordo entre os dois países é aguardado nos próximos dias.
"Tive ontem na reunião [com o presidente Donald Trump] uma boa impressão de que logo, logo não haverá problema entre Estados Unidos e Brasil", afirmou Lula. A declaração ocorreu durante coletiva de imprensa em Kuala Lumpur, na Malásia.
A coletiva foi realizada às 11h de segunda-feira (27), horário local, o que corresponde à meia-noite no Brasil. O presidente reforçou sua convicção de que uma solução definitiva está próxima.
"Estou convencido de que, em poucos dias, teremos uma solução definitiva entre Estados Unidos e Brasil para que a vida siga boa e alegre do jeito que dizia o Gonzaguinha na sua música", complementou o presidente.
A imposição de tarifas, como a de 50% aplicada pelos Estados Unidos ao Brasil em julho, teve como justificativa motivos políticos.
Relatos da época indicaram que a sanção estava ligada a processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, conforme noticiado.
O então presidente norte-americano, Donald Trump, teria imposto as tarifas em resposta ao que considerou uma "caza de brujas" (caça às bruxas) contra seu aliado político.
Essa imposição de tarifas gerou uma resposta do Brasil, com declarações de que o país não aceitaria controle externo, conforme registros de notícias.
No encontro com Trump, Lula argumentou que os Estados Unidos registram superávit no comércio com o Brasil. Dessa forma, a taxação dos produtos brasileiros seria desnecessária.
Lula afirmou ter entregado um documento contendo os temas que pretende abordar durante as negociações.
"Eu não estou reivindicando nada que não seja justo para o Brasil e tenho do meu lado a verdade mais verdadeira e absoluta do mundo", declarou.
Ele prosseguiu: "Os Estados Unidos não têm déficit com o Brasil, que foi a explicação da famosa taxação ao mundo, que os Estados Unidos só iam taxar os países com quem eles tinham déficit comercial."
Questionado sobre promessas feitas por Trump, Lula comentou que "não é santo para receber promessas".
"Para mim, o que ele tem que fazer é compromisso. E o compromisso que ele fez é que ele pretende fazer um acordo de muito boa qualidade com o Brasil", pontuou o presidente.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, presente na coletiva, informou que equipes dos dois países se reunirão nas próximas semanas. O objetivo é a construção de um acordo comercial.
"Concordamos em trabalhar para construir um acordo satisfatório para ambas as partes", disse Vieira.
Ele detalhou: "Nas próximas semanas, acordamos um cronograma de reuniões entre as equipes negociadoras para tratar das negociações de ambos os países com foco nos setores mais afetados pelas tarifas."
Márcio Rosa, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, avaliou que as discussões com os Estados Unidos estão "avançando espetacularmente bem".
"O Brasil solicita que haja reversão da decisão política tomada [relativa à taxação]", afirmou Rosa.
Ele explicou que "os aspectos políticos que poderiam existir já não estão mais, não está mais na mesa aquilo que nunca poderia ter estado mesmo".
"Graças a essa posição, nós hoje fazemos uma discussão de um acordo comercial e não com outras naturezas que não sejam comerciais", destacou Rosa.
Durante a reunião com Trump, o presidente Lula também colocou o Brasil à disposição para auxiliar nas negociações com a Venezuela.
"Isso ficou muito claro, se precisar que o Brasil ajude, estamos à disposição, estamos à disposição para negociar", disse o presidente.
Lula enfatizou que "o Brasil não tem interesse que haja uma guerra na América do Sul".
"A nossa guerra é contra a pobreza e a fome. Se a gente não conseguir resolver o problema da fome e da miséria, como a gente vai fazer guerra?", questionou.
O presidente completou: "Para matar os famintos? Não dá para achar que tudo é resolvido à base da bala, que não é."
Lula reforçou o convite para que Trump participe da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). O evento está previsto para novembro, em Belém.
O presidente norte-americano havia anunciado anteriormente a saída do país do Acordo de Paris, que estabelece metas para a redução de gases poluentes e mitigação do aquecimento global.
"Convidei ele para ir à COP outra vez, disse para ele: 'É importante que você vá para dizer o que você pensa'", relatou Lula.
Ele acrescentou: "'Se você não acredita nas coisas, vai lá para você poder dizer o que você pensa'. Não pode a gente fingir que não tem uma situação climática."
A equipe brasileira também destacou a importância das visitas à Indonésia e à Malásia na coletiva. O Brasil busca expandir suas relações com esses países.
"O Sudeste Asiático é o epicentro do crescimento global, zona dinâmica e polo de inovação tecnológica que está no centro das prioridades da política externa brasileira", afirmou o ministro Mauro Vieira.
A região é vista como fundamental para a "diversificação de parcerias e atração de investimentos".
Lula informou aos jornalistas que a Malásia receberá o apoio do Brasil para se tornar um membro pleno do Brics. Atualmente, o país é um parceiro do grupo.
Nesta segunda-feira (27), Lula completa 80 anos. O presidente iniciou a coletiva afirmando estar em um bom momento da vida.
"Eu nunca me senti tão vivo e com tanta vontade de viver", declarou.
    





