O deputado estadual reeleito e professor de História, Wilson Santos (PSD) comentou os protestos que ocorrem no país desde o resultado das eleições em segundo turno, divulgado no dia 30 de outubro. Para o parlamentar, o protesto pacífico é legítimo, mas o pedido de intervenção militar feito pelos manifestantes é condenável. As declarações foram dadas em entrevista concedida na manhã desta segunda-feira (14) à Rádio CBN Cuiabá.
O parlamentar se valeu da História do nosso país e também de outros países pelo mundo para referendar sua posição de que ditadura nenhuma é bem vinda, seja ela de direita ou de esquerda. Wilson Santos recordou que na Rússia (União Soviética), em 1917, quando Josef Stalin assumiu como primeiro-ministro, matou todos os companheiros que lutavam com ele na revolução. Lá instalou-se uma ditadura de esquerda. “Os protagonistas da revolução foram assassinados pelo seu companheiro. Há ainda exemplos na China, no Vietnã”, ponderou.
Para trazer a história para mais perto da nossa população, Wilson Santos citou passagens brasileiras. “No golpe de 64, que foi político militar, Juscelino apoiou o golpe, assim como Carlos Lacerda. Eles foram cassados pela própria ditadura que apoiaram. Foram protagonistas para constituir a eleição de Castelo Branco e 60 dias depois Castelo cassa Juscelino. O namoro com a ditadura é perigoso, uma bobagem. Perdoa pai, eles não sabem o que fazem”, avaliou.
Por não concordarem com o resultado das urnas, que sagrou vitorioso Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente do Brasil, manifestantes favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro (PL) primeiro trancaram rodovias queimando pneus, despejando terra na pista ou usando veículos para impedir o tráfego. Depois, se acomodaram em frente a quartéis por várias partes do país pedindo a intervenção militar.
Duas decisões judiciais proferidas pelo Supremo Tribunal Federal já determinaram o desbloqueio das rodovias e também das localidades onde verdadeiros acampamentos foram montados, com barracas, tendas, churrasco, cerveja e banheiros químicos. Em Cuiabá, é possível ver esse movimento em frente ao 13 Brigada de Infantaria Motorizada, na Avenida do CPA.
Conforme o Ministério Público Federal, o movimento é financiado por empresários, que podem responder criminalmente pela atitude.
“Protestar sem quebra quebra, estão de parabéns. Não vejo vidraça de banco quebrada. Isso faz parte da democracia. O Lula vai governar no fio da navalha. É bom porque não terá margem para errar, precisará ficar 24 horas atento porque a população está na rua observando item por item do governo. Talvez o Brasil nunca tenha tido um governo tão vigiado como agora e que seja assim de agora para frente. Isso é bom. Mas fletar com a ditatura, isso é um erro, um equívoco. Quer acampar, cantar hino, é louvável e eu aplaudo. Mas fletar com a ditadura, é só ler e ver o passado pra ver se isso é perigoso ou não”, desabafou.
Apesar do contexto nacional, Wilson Santos avalia que Lula não terá dificuldades para garantir governabilidade. Acredita que mesmo com a maioria bolsonarista eleita para compor o Congresso Nacional, o presidente eleito vai conseguir dialogar e garantir maioria no parlamento. Isso porque para o deputado, o Centrão é pragmático e não ficará como oposição.
“O Lula vai fazer maioria. Vai apoiar a reeleição do Pacheco no Senado e do Lira na Câmara. Não vejo dificuldade porque essa é a praia do Lula, era assim na época do Sindicato. Ele tem habilidade para conversar, propor, não vejo dificuldade de ter a maioria do Congresso. Os bolsonaristas não vão dar trégua. Teremos um governo vigilante, o que é bom para a sociedade e bom para a democracia”, asseverou lembrando que Lula foi o primeiro na história do país a ser eleito pela terceira vez para assumir como presidente da República.