O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), ao tomar conhecimento da decisão judicial que estendeu a quarentena obrigatória por mais uma semana na capital, afirmou que vai cumprir o determinado, mas também defendeu que o município precisa ter autonomia para tomar decisões a respeito da pandemia. Pela segunda vez o juiz da Vara de Saúde de Várzea Grande, José Lindote Leite, determinou a prorrogação do lockdown nas duas maiores cidades do estado.
O magistrado baseou sua decisão na "falta de atitude dos municípios em prorrogar de forma voluntária os decretos", que visam frear a onda de contágio pelo novo coronavírus nas cidades. A primeira determinação de quarentena obrigatória entrou em vigor em 25 de junho e teve duração de 14 dias. Na semana passada, o magistrado convocou uma audiência de conciliação para buscar um consenso sobre o pedido do Ministério Público Estadual, que pleiteava a extensão da medida por mais 15 dias. Foram convocados os prefeitos de Cuiabá, Várzea Grande, o Governo do Estado e Ministério Público. Não houve consenso na audiência. Enquanto o Ministério público defendia mais 15 dias de fechamento das atividades não essenciais, prefeituras queriam que a medida vigorasse por apenas 7 dias.
Diante da falta de consenso, o juiz decidiu que o lockdown se estenderia por mais uma semana. A medida, que venceria nesta sexta-feira (17), foi renovada pelo prazo de mais uma semana em nova decisão do magistrado. A medida visa forçar o isolamento social. Cuiabá e Várzea Grande são os dois municípios com maior número de casos e consequentemente de mortes pela doença. Conforme o último boletim
"Mantemos um Comitê Municipal de Enfrentamento para basear nossas decisões em dados técnicos", defendeu Emanuel Pinheiro (MDB). O gestor municipal tentou reverter a primeira determinação de quarentena obrigatória no Tribunal de Justiça de Mato Grosso, mas não obteve êxito. Recorreu ao Supremo Tribunal Federal, mas ainda não houve uma manifestação. Agora a Corte entrou em recesso forense.
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A prefeita de Várzea Grande, Lucimar Sacre de Campos (DEM), já emitiu um novo decreto prorrogando por mais sete dias a quarentena obrigatória. A gestora ponderou que vai reforçar a fiscalização no município, mas também defende a necessidade de retomada da atividade comercial.
Campos pontuou que existem outras 20 cidades classificadas como risco muito alto para contaminação do novo coronavírus e que estas também deveriam ser submetidas ao lockdown, uma vez que 43% da ocupação dos leitos de UTI e enfermaria nas cinco maiores unidades de referência para a Covid-19 estariam ocupados por pacientes do interior do estado, que não Cuiabá e Várzea Grande.
"Em primeiro lugar vem a vida humana, mas como gestora preciso olhar para o conjunto da sociedade", argumentou, ao lembrar que tanto Várzea Grande quanto Cuiabá estão sendo penalizadas comercialmente pela decisão judicial.
O magistrado ponderou, em sua nova decisão, que uma nova prorrogação não está descartada. Tudo dependerá da análise de dados no final do período determinado.
Risco muito alto
A Secretaria Estadual de Saúde divulgou nesta quinta-feira (16) o Boletim Informativo n°130 com o panorama da situação epidemiológica da Covid-19 em Mato Grosso. O documento mostra que 22 municípios do Estado configuram na classificação com risco “muito alto” para o novo coronavírus. São eles: Cuiabá, Várzea Grande, Lucas do Rio Verde, Rondonópolis, Primavera do Leste, Cáceres, Sinop, Peixoto de Azevedo, Pontes e Lacerda, Guarantã do Norte, Sapezal, Mirassol D’Oeste, Campo Novo do Parecis, Barra do Garças, Colíder, Jaciara, São José dos Quatro Marcos, Ribeirão Cascalheira, Campinápolis, Nova Mutum, Barão de Melgaço, Porto Esperidião e Nobres.
Conforme o último Boletim Epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde, Cuiabá concentrava 6.901 casos de Covid-19 e 395 óbitos. Já Várzea Grande registrava 2.423 casos e 215 mortes. Ambas ocupam o topo da lista no ranking das cidades com mais casos do novo coronavírus. Em Mato Grosso já são 31.717 contaminados e 1.235 mortos.