Durante a Campanha Outubro Rosa, temos a oportunidade de dar visibilidade a inúmeras adversidades que a maioria das mulheres enfrenta na sociedade, como trabalhar muito mais para acessar cargos de liderança, receber menos pelo seu trabalho e ainda colocar em risco à saúde para dar conta de uma jornada “heroica”: carreira, família/casa e estudos.
Uma pesquisa realizada em 2022 pela Grant Thornton, empresa global de auditoria, mostrou que as mulheres já ocupavam 38% dos cargos de liderança no Brasil. Esse resultado representa um avanço significativo comparado a 2019, quando a proporção era de 25%. Neste contexto, precisamos urgentemente falar sobre a produtividade saudável das nossas lideranças, que envolve pilares importantes de bem-estar.
Saber por quê? As mulheres têm a tendência a ser multitarefa, acumular funções e ir muito além dos próprios limites. Por conta disso, é comum colocarem as necessidades de outras pessoas em primeiro lugar negligenciando a própria saúde. É justamente neste ponto que entram as doenças que mais afetam as mulheres (entre elas, a 1ª é o câncer de mama).
Conforme especialistas, se o câncer for descoberto no início, a chance de cura é de 95%, mas, para isso, a mulher precisa ter uma rotina de autocuidado, de se priorizar e colocar foco naquilo que realmente é importante para ela (entre elas a saúde). Na prática, vem acontecendo o contrário, o que nos leva a um contexto preocupante: para cada homem, duas mulheres são ansiosas.
Um estudo realizado pela Universidade de Cambridge, entre 2015 e 2016, analisou mais de mil artigos e pesquisas sobre ansiedade e depressão publicados desde 1999, trazendo resultado de que o transtorno de ansiedade é duas vezes mais comum nas mulheres do que nos homens, independente de classe social, etnia e localização no globo. Por isso, busco conversar principalmente com as lideranças femininas sobre a diferença entre produtividade e alta performance.
Quais metas você pretende atingir e qual caminho trilhar? Há um trecho do clássico desenho “Alice no País das Maravilhas” em que a Alice está caminhando pela floresta quando chega numa encruzilhada, onde inúmeros caminhos se apresentam. Então, sob uma árvore surge o gato, que pergunta a Alice se pode ajudá-la:
“Eu só queria saber que caminho tomar”, pergunta Alice. Então o Gato responde: “Isso depende do lugar aonde quer ir”. Alice responde que “não importa”. Então o Gato diz taxativo “que não importa o caminho a tomar”, já que quando a gente não sabe para onde vai, qualquer caminho serve.
Como especialista em alta performance, ensino que é possível obter produtividade sem comprometer a própria saúde, mas isso exige autoconhecimento, persistência e planejamento. Meu método traz cinco pilares para alcançar a alta performance ou “5 Ds” que são: desejo, definição, decisão, determinação e disciplina. Há uma sequência lógica que visa ajustar o foco com a implementação de novos hábitos, porém buscando o impacto positivo na carreira e na vida. A palavra-chave aqui é equilíbrio.
Infelizmente, ainda existem mitos sobre a produtividade incorporados à cultura de empresas e instituições que impactam negativamente o ambiente e a própria produtividade, entre elas: “quanto mais melhor”, “O ideal é trabalhar direto sem pausas”, “os produtivos estão sempre ocupados”, “trabalhar sob pressão ajuda na produtividade”, “produtividade é ser multitarefas”. Mas o bom desempenho depende de uma construção contínua, não é um ato, é um hábito, não é apenas fazer da maneira certa, mas, planejar-se para ter um bom desempenho, e alcançar seu máximo potencial como ser humano.
Mulheres, independente do cargo ou da posição que estejam, inclusive ser dona de casa e mãe, são importantes espaços de liderança (na família e na comunidade), procurem observar para onde estão indo e como estão fazendo essa trajetória. Na dúvida, façam o exercício proposto pelo escritor português José Saramago: “É preciso sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós”. Observe-se. Nada é mais importante que sua saúde física, mental e emocional.