OPINIÃO Quinta-feira, 19 de Agosto de 2021, 17:49 - A | A

Quinta-feira, 19 de Agosto de 2021, 17h:49 - A | A

MANUELA KRUEGUER

Pior que morrer é não ter mais a liberdade de SER

Manuela Krueguer

Advogada e hipnoterapeuta

Vemos mais uma vez o Afeganistão servindo de palco para mais atos de atrocidade contra seu próprio povo, mas, sobretudo, atentam contra a liberdade e os direitos fundamentais das mulheres daquele país. E o que nós podemos aprender sobre tudo isso?

Bem, não é o pano preto da burca que as silencia, mas a existência de um regime autoritário, obscuro e cego que censura vidas por sua condição humana: a de ser Mulher. Esse cenário nós já conhecemos há tempos, e percebemos que a luta para garantir o inato direito de ser quem somos está longe do fim. Daí a importância de afinarmos nossa percepção sobre a realidade que nos cerca e fazer reflexões profundas que nos orientem e nos direcionem a um caminhar mais consciente e em equilíbrio com tudo que existe no mundo e como desejamos viver.

O ato devastador de impor que uma mulher cubra-se por inteiro emite a clara mensagem de que ela não pode ser quem ela nasceu para ser, levando à objetificação da própria condição de Ser Humano. Lá, as mulheres estão arriscando suas vidas para que suas vozes não sejam caladas, seus corpos não sejam vendidos e violentados, mutilados e apedrejados em praça pública. Lá, elas lutam para ter o direito de comer, estudar, opinar, escolher sua religião, vestir-se da forma que desejar, praticar esportes e até mesmo saírem de casa desacompanhadas.

Sei que na situação atual em que aquelas mulheres estão vivendo, a empatia por si só não basta, não é o suficiente, sendo necessário, urgentemente, desenvolvermos um olhar mais compassivo, pois a compaixão vai além de se colocar no lugar do outro, mas sim querer genuinamente compreendê-lo e ajudá-lo de alguma forma. E em verdade, vemos que a tragédia se estende por todo aquele povo.

E então me questiono se há alguma forma de ajudá-los de tão longe. E então paro mais uma vez e reflito se talvez todas nós, juntas, pudéssemos representar uma pequena parcela daquelas mulheres, quem sabe não poderão nos ouvir? E quem sabe se não fossem somente vozes e clamores de mulheres, mas sim de todos os seres humanos? Aí vejo luz no fim do túnel.

Mas, e o que nos silencia aqui, do outro lado do mundo? Por quê permanecemos letárgicos diante de tantas ações que afrontam a todos nós enquanto seres humanos? Não, o que nos paralisa não é um regime totalitário e repressivo. Não é por causa do governo passado e nem mesmo do atual. Na verdade o que nos paralisa e nos aprisiona são nossos medos mais profundos, nossas crenças e traumas vivenciados ainda quando pequenos. É a partir da individualidade que se faz o coletivo.

Aprendemos a enxergar a vida com os olhos da dor, medo, raiva, culpa, e agora teremos que fazer o caminho inverso para resgatar tudo o que foi deixado lá atrás, trancafiado em nossa infância, caso seja real a nossa vontade de viver em um mundo melhor, mais justo e seguro. Um bom lugar para se viver. Precisamos resgatar nossa criança – e junto dela, resgatar nossa alegria genuína de viver e desfrutar da vida, a felicidade, o amor, a liberdade de ser em sua plenitude e a sinceridade para se expressar, dizer o que sente e o que quer, compreendendo e aceitando que o outro pode ser diferente. E esse caminho inverso é o caminho pra dentro de si.



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